quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Artigo - Excesso de Religião

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Quem come chocolate demais ou quem bebe cerveja em excesso, assim como quem se perfuma exageradamente nem sempre percebe que passou do limite; Se os noutros não o dizem, a pessoa não se dá conta. Mesmo assim há os que se ofendem com a família ou com o médico que mandam diminuir a dose! Para ele não parece demais! Mas como ninguém é juiz em causa própria, se não ouvir os outros acabará em sérias dificuldades.

Falemos de religião demais. Há pregadores e fiéis que não percebem que ultrapassaram o limite do bom senso. Nem o papa, nem os bispos fazem o que eles fazem. Há quem diga que religião nunca é demais, e há quem diga que existe um limite, passado do qual a religião se torna excessiva. Faço parte do segundo grupo. Acho que religião pode ser demais. Embora seja pregador de religião, admito serenamente que em muitíssimos casos existem saturação e excesso de ênfase na religião. Assim como há chocolate demais, sal demais, açúcar demais, manteiga demais e todo excesso faz mal; assim como vinho demais embriaga e comida demais empanturra, assim também o excesso de religião refestela, empanturra, cai na mesmice, perde a profundidade, perde o poder de comunicação, aliena e afasta as pessoas do cotidiano. Não faz bem ouvir 24 horas de pregação e de canção religiosa, embora deva ser 24 horas de convivência sadia e caridade fraterna.

Uma coisa é a vivência, outra coisa a pregação e o rito. Pode se perceber no rádio e na televisão que alguns grupos perderam esta moderação. Por 24 horas passam religião em cima de religião. Ora, eles sabem que remédio demais faz mal e, em dose excessiva, pode piorar o estado de saúde do enfermo ou até levá-lo a óbito. Deveriam saber que dose excessiva de oração e pregação pode levar uma fé a óbito. Mas eles apostam no charme da sua pregação e no seu conteúdo, garantem que sua pregação não cansa. Pode não cansar alguns fiéis, para quem o desejo compulsivo de religião parece ser necessidade incontrolável. Mas muitos fiéis já migraram e continuaram migrando de igreja e de fé por causa da ênfase excessiva dessa ou daquela igreja em determinados assuntos.

O restaurante que todos os dias oferece a mesma comida com o mesmo tempero forte certamente terá fregueses, mas corre um grande risco de ficar ultrapassado. Se um dia aparecer, ao lado, um restaurante que alterna os sabores com leveza, vai perder a clientela. Não sou dono da verdade, posso estar errado, mas sou de opinião de 24 horas de religião por dia é excesso. Falar de religião é como servir à mesa. Por mais que o convidado opte por apenas alguns pratos, se eles forem demais, acabará faltando espaço e lugar ao redor da mesa. Por excesso de oferta o banquete perde a leveza.
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Pe. Zezinho, scj

3 comentários:

  1. Fantástico ! Ahhhh.... se todos os "líderes" religiosos tivessem essa visão ! Estão dividindo cada vez mais a pessoas ... Acho que o importante mesmo é a nossa RELIGIOSIDADE , ou seja , ter fé e acreditar em algo ! CHEGA DE COMÉRCIO em nome de DEUS ... já passou do limite !

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  2. Adorei essa sensatez. Parabéns pelo bom senso das palavras.

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