segunda-feira, 15 de março de 2010

Artigos - 15 de Março

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MILHÕES DE MORTOS

Falo contigo Jesus! Não sei o que dizer, não sei o que pensar! A tsunami, os terremotos, os aluviões, os genocídios e as guerras do nosso tempo geraram milhões de mortos. Acrescentem-se pós suicídios, os assassinatos, as mortes por intoxicação e temos o quadro de uma civilização que não sabe como se proteger da morte nem como deixar de matar. Dessa vez foi o Haiti que levará mais de 50 anos para ser reconstruído. A Terra balançou e parte do Haiti morreu.

É a realidade do mundo. Por falta de condições os pobres vão morar onde o mar avança, onde os rios transbordam e onde os barrancos deslizam. Ir para onde? Dinheiro existe, mas vai para grandes monumentos e para o luxo. Se todos vivêssemos um pouco mais frugalmente haveria o mínimo necessário para todos. Mas escolhemos o demais e o de menos, nunca o suficiente e o justo.

Não sabendo o que pensar nem o que dizer ante mais este terremoto no Haiti, paro, penso e oro. Reconstruiremos aquele país sujeito a freqüentes desastres atmosféricos? E daremos a eles condições de viver sem o risco de tantas mortes? Caso não, para onde os transferiremos? Que país os acolheria? Quem lhes dará o dinheiro do qual precisam já que sua terra não tem o subsolo rico das outras?

Culpar-te é crer que existes, mas é também duvidar do teu amor. Criaste um universo em formação e, nele, uma Terra em formação. Ela se mexe e se move em placas tectônicas, as montanhas se movem, o céu se agita, as águas crescem, o clima age e reage. O universo inteiro está explodindo e se formando. Nós é que nos esquecemos disso. Viver é um risco. A depender de onde moramos, morre-se mais. Nenhum de nós tem certeza do dia de amanhã. É a lei da vida. Somos seres imprevisíveis de um planeta imprevisível. Hoje estamos vivos, amanhã talvez não. E quando não é o planeta é um carro, um avião, um acidente vascular cerebral. E partimos!

Pensar o quê? Dizer o quê? Exigir o quê? Tudo o que temos é o passado que nos impulsionou até aqui e o presente que por enquanto nos impele. O futuro não veio e nem sabemos se virá. Viver é bem isso! É a vida que nos deste! É precária, está sujeita a doenças e disfunções e, como o planeta, pode nos levar a qualquer momento. Não há um para onde. Há um para quem! Voltaremos ao teu colo!

Se não tivéssemos esperança de perdão agora e de um depois em Ti, a vida se nos mostraria bem mais enigmática. Mas eu tenho. Creio que um dia te conhecerei e que, junto aos que já chegaram ao definitivo, não estarei mais sujeito à dor e à morte. Agora, porém, não tenho respostas nem para os AVCs , nem para as tsunamis, nem para o terror, nem para os terremotos, nem para tanta morte. Só tenho a fé. Ensina-me a ver sentido onde meus olhos e meu coração não conseguem ver. Que a cruz na qual morreste me ensine! A morte deve ter algum porquê. A vida também! Educa-me para o tempo e para a eternidade!



NÃO CREMOS DO MESMO JEITO

Senhor Jesus Cristo, Filho eterno, cremos que vieste do seio do único Deus que há. Trindade de pessoas divinas, vieste e viveste entre nós revelando-te o Filho porque não sabíamos e ainda não sabemos ser filhos. Por razões de compreensão, te chamamos de Segunda Pessoa da Trindade. Nossa fala cria separação, mas é o único Deus que existe!

Aprendi que estás no céu e em toda a parte, porque és o próprio céu. Aprendi que o céu não é lugar, mas, sim um modo de ser e de existir. Aprendi que ouves minhas preces por todos os irmãos que te buscam, te amam, te louvam e esperam encontrar-te. Continuamos a saber pouco do teu mistério.

Faço parte daqueles que acreditam na existência de um Deus eterno e todo poderoso que se importa conosco. Mas não cremos todos do mesmo jeito. Suplico-te e suplicarei, sempre que puder, a graça de ser um cristão ecumênico. Naquilo em que estivermos de acordo, caminharemos juntos. Se discordarmos em algo, nem por isso viveremos em discórdia. Queremos aprender a discordar sem perder o respeito e o amor fraterno.

Dá-me, pois, coração e mente suficientemente abertos para sabermos que a luz que brilha no telhados dos nossos templos também brilha nos templos dos outros cristãos; e que a luz que entra pelas janelas e portas da minha casa também entra pelas janelas e portas das casas deles.

Que eu seja suficientemente humilde e fraterno para saber que as graças que me concedes, também as concedes a eles, a cada qual na sua devida dimensão e necessidade, às vezes com tanta generosidade que nem sequer ousaríamos pedir o que nos concedes.

Sei que não é tudo a mesma cosia, mas sei que podemos ser um só coração e uma só alma, ainda que não leiamos os evangelhos do mesmo jeito nem oremos com as mesmas palavras, nem tenhamos teologias e doutrinas iguais a teu respeito.

Concede-me, pois, um coração fraterno e generoso porque, se o teu amor reinar em meu coração eu saberei crer sem ofender, discordar sem deixar de amar, defender meus pontos de vista sem ofender os deles, elogiar o que há de bom nas igrejas deles e, se achar que algum aspecto da nossa igreja é melhor, dizê-lo com humildade e gentileza.

Que o uma fé fraterna e gentil, até mesmo quando discordarmos. Sei que podes e queres isto. E é o que te suplico nesta noite de oração.



DIVIDIDA EM FEUDOS

Sinto muito Senhor, mas é o que penso. Tua igreja esta dividida em feudos. São castelos fortes e redomas de vidro e de fé onde se entra com facilidade, mas de onde é difícil sair. E quem sai, sai sentindo-se culpado, expulso, excomungado.

São, também, feudos onde só entram os escolhidos pela direção desses castelos fortes da fé e onde os de fora que pensam diferente não são bem vindos. São tão cristãos quanto eles, mas como tem outro jeito de ver a vida, não podem falar naqueles púlpitos nem naquelas redomas.

Sinto muito Senhor, mas as seitas voltaram. Tua igreja está dividida em feudos, redomas, castelos. Abençoa os que conseguem ser cristãos de portões abertos, diastólicos e não sistólicos. Gostaria de ser um desses.



PROFETAS DEMAIS

O nosso, Senhor, é um mundo repleto de profetas. Estão nos templos, nas ruas, nas emissoras de rádio e de televisão, nos encontros, nos estádios, nos salões; em toda a parte. E o que fazem? Garantem milagres, mensagens, visões e até dão lugar e data e hora do milagre que acontecerá.

Falam em teu nome; dizem que estás mandando dizer aquilo que dizem. Garantem que são teus interpretes. O nosso é um mundo com milhões de profetas. É que, nesses tempos de mídia forte e de intenso marketing religioso profetas aparecem, ganham status, são vistos como alguém que fala contigo e que tem um contato íntimo com o céu.

São vistos como gente que sabe tudo o que está na Bíblia e entendem do presente, do passado e do futuro. São os novos Elias, Jeremias e Moisés. Multidões passam horas a ouvi-los. Eletrizam o povo. Alguns realmente o são. Suas vidas simples e bonitas traduzem isso. Mas muitos abusam do status, mesmo sem ter a estatura de um profeta. E se alguém os questiona, usam do poder que possuem. Retaliam e silenciam este irmão incômodo.

Dá-me, se posso pedir mais uma graça, a graça de nunca, jamais cair nessa tentação na qual caiu Salomão que se promoveu como o mais sábio, o maior e até garantiu que te vira duas vezes. Se eu for profeta, que nem perceba que fui e se tiver que ser, que eu saiba ser com humildade de pequeno profeta que sabe admite que há outros bem maiores no mesmo vídeo e o mesmo canal...

O mundo está cheio de profetas. O tempo dirá se o são de fato. Pelo que tenho visto e ouvido, a maioria gostaria de ser, mas não é. É que bons profetas não mentem. Mas eles enganam e mentem. E, o que é pior: sabem que estão enganando e mentindo. Liberta-nos Senhor dos que dizem que tens um recado especial dado por meio deles. Se isso não for possível, dá-nos ao menos a graça de saber quem é e quem não é. É triste seguir quem diz que sabe, mas não sabe nem sequer de onde veio, quanto mais para onde vai. Livra teu povo desses vaidosos filhos de Ceva e Simões Magos do nosso tempo. (At 8,9-13; At 19,14)



OS TEUS RECADOS

Sei de muitos pregadores que se enganaram a respeito de si mesmos e a teu respeito. Acharam que lhes davas um recado especial e se apressaram a proclamá-lo na mídia. Deus curaria aquela criança por quem oravam. Deus curaria uma senhora por quem o povo intercedia. Diante de milhões de fiéis passaram como profetas e videntes.

Foram reverenciados e aplaudidos, mas o que profetizavam não aconteceu. Ao invés do pedido de desculpas e da retratação humilde, preferiram o silêncio. Com isso, tornaram-se charlatões. Para o povo, eles ainda parecem piedosos, santos e profetas, mas quem conhece a tua palavra sabe que eles a usaram para promover-se aos olhos da multidão. O púlpito carrega este perigo; em todas as igrejas.

Não eras Tu. Não estavas a falar. Através da história houve muitos videntes que viram o que queriam ver e não o que existia. Houve muito mais videntes do que aparições ou mensagens.

Por isso, bom Deus, põe prudência e juízo no meu coração para que eu não invente visões que não existiram ou mensagens que não me foram dadas. Sei que não sou um bom profeta, mas se devo ser um, dá-me a graça de não inventar curas, recados, mensagens e visões. Dá-me o dom de distinguir o que é e o que não é. Se eu errar, concede-me a graça de ser suficientemente humilde para admitir meu erro. Caso contrário, aí mesmo é que não serei um profeta. Verdadeiros profetas não mentem nem a si mesmos nem a ti e nem ao povo. E não fazem qualquer coisa para ganhar mais uma salva de palmas...



FALAR A TEU RESPEITO

Falar a teu respeito é sempre uma ousadia, mas não permitas, Senhor, que eu me torne seja um pregador atirado e atrevido, daqueles que afirmam o que não sabem, põem na tua boca o que não disseste, oferecem revelações que não lhe foram feitas e proclamam evidências que não aconteceram.

Deus quer, Deus disse, Deus exige, Deus manda, Deus fará, Deus concederá. Deus me diz nesse momento, Deus me disse ontem, Deus me disse meses atrás. É o que dizem com freqüência. E querem que acreditemos. E muitos acreditam, com o se qualquer um pudesse ser teu profeta!...

Eles sabem que mentem, sabem que blefam e, se não sabem, estão tremendamente confusos. Querem tanto que lhes fales que, antes de lhes falares, saem por aí dizendo que falaste. Querem tanto encontrar-te que, antes de te encontrarem, saem por aí dizendo que te encontraram. Não te dão tempo, comem o Teu pão antes de ele estar assado.

Ousado eu quero ser, atirado, não. Proclamarei que Tu existes, que és Pai e que és amoroso. Mesmo não sabendo explicar os desastres ecológicos, as mortes de crianças, as enfermidades incontornáveis, as torturas, os assaltos, os seqüestros, os estupros, a violência, a destruição dos teus filhos inocentes... mesmo assim, eu proclamo que existes.

Ouso dizer que existes e amas, embora não saiba explicar os acontecimentos que me cercam. Não conheço a tua mente infinita, mas dizer que sou profeta, que me dizes coisas, que sopras mensagens aos meus ouvidos e diante de uma platéia atônita, afirmar que eu estive contigo, estivestes comigo, me falaste, me deste um recado, isso eu não farei!

Se me falasses ou achasse que me falas, eu procuraria irmãos mais profundos para me orientar sobre a natureza de tais acontecimentos. A maioria dos que disseram que lhes falaste e deste algum recado, estava enganada. Não eras Tu.

Os outros provaram com o tempo e com as suas vidas que algo de especial lhes acontecera. Mas, ao fim ao cabo, nem mesmo eles sabiam explicar como e por que aconteceu. Permaneceram humildes até o fim, nunca se exaltaram. Por estas e por mil outras razões, é que eu te peço a graça da ousadia em te proclamar-te, mas de não ser atrevido ao te proclamar-te.

O mundo tem mais gente passando por santo e por profeta que gente santa e com o dom da profecia. É fácil falsificar um produto e, ainda por cima, colocar nele um selo que o apresentam como verdadeiro. Difícil é fazer um produto de qualidade, que mesmo sem selo as pessoas percebam que é genuíno e legítimo.

Não te peço essa profecia, peço apenas a humildade de reconhecer que talvez eu não a tenha. Anuncio-te, sem dizer que somos íntimos, não por culpa tua. Eu é que ainda não consegui entrar no seu santuário. Estou longe de ser o crente e a pessoa que eu deveria ser dentro da minha Igreja, diante das outras Igrejas e diante do mundo.



EM NOME DA LIBERDADE

Já não há o que justificar no terrorismo. Beira á insanidade. Com um projeto político em mente, tanto o terrorismo subversivo quanto o de Estado matam quem lhes cruza o caminho. Conta-se aos milhões os inocentes mortos em ataques traiçoeiros e terroristas através dos tempos. Feitas as contas, os cidadãos inocentes mortos por grupos belicistas em conflito dariam um enorme país. Alguns autores falam em 200 milhões de mortos pela violência. E são milhares os inocentes mortos nos últimos vinte anos, desde que tomou vulto a nova face do terrorismo, ontem de esquerda ou de direita, hoje com rótulos de religião e de nacionalismo.

Escolas, igrejas, metrôs, aviões com inocentes turistas, orfanatos, hospitais, nada escapa à fúria sanguinária desses defensores da liberdade à custa de sangue inocente. Não importa a quem matam, desde que matem e seu ato repercuta para que o mundo não esqueça a sua causa.

É pobre e é podre uma ideologia que vale mais do que milhares de vidas inocentes. Não é nem justiça nem punição. É fúria demente. De Herodes se afirma que fez isso. O idumeu com medo de perder o poder, teria matado milhares de crianças e também sua sogra, seus dois filhos e sua esposa. O poder o enlouquecera.

A Bíblia fala de grupos religiosos que passaram mulheres e crianças a fio de espada. ( Josué 6,21; Jz 21,10) Nos terroristas de agora, a loucura é a mesma. Agora jogam bombas. Matam com mais eficiência. Isso não torna mais inocentes os que, no poder também explodem templos e escolas. É a loucura do lado de cima.

Matar paraplégicos, bebês, crianças, enfermos e anciãos são crimes que bradam aos céus. Nós, católicos acrescentamos o crime de extrair um feto indesejado. Quem não crê em Deus, nem vê o feto como um futuro ser pensante, terá outra noção de pessoa e de vida. Mas nem por isso ele pode matar!

Em nome de suas nações e do futuro, governantes e sediciosos mataram e massacraram sem piedade. Fizeram milhões de vítimas. Continuam fazendo! Um bando de leões é menos sanguinário do que tais guerreiros. À sua passagem, ruínas, corpos estraçalhados de bebês, de mães grávidas, de crianças, de adolescentes e de jovens. Não matam apenas guerreiros. São covardes por opção. O poder ou a busca do poder o enlouquece. No começo de fevereiro terroristas queimaram mais uma escola com as crianças dentro dela. Pensei em Herodes, nos Danitas e no povo de Laís! ( Jz 18,27 )


PE. ZEZINHO SCJ

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