sábado, 27 de março de 2010

Padre Zezinho na ExpoCatólica

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Gravadora e editora preparam grandes atrações e muitas novidades nesta sétima edição





Em meio a uma intensa programação musical para comemorar os 50 anos de Paulinas-Comep, grupo Paulinas apresenta as últimas novidades em literatura, música e filmes em mais uma edição da ExpoCatólica, a sétima, a ser realizada de 8 a 11 de abril, no ExpoCenter Norte, zona Norte de São Paulo.

Para receber clientes, amigos, autores e artistas, Paulinas reservou uma área de 106 metros quadrados com um layout que evidencia a identidade e a grande interação entre os departamentos do grupo. Presentes na feira estarão também o grupo das Revistas (Família Cristã, Diálogo e Super Mais), o SEPAC (Serviço à Pastoral da Comunicação) e o vocacional de Paulinas.

50 anos de Paulinas-Comep


Cumprindo a promessa de garantir um ano cheio de atividades e lançamentos, entre eles um mega-show com os artistas da casa no último trimestre do ano, Paulinas inovou este ano e traz à feira encontros e pequenos shows com alguns de seus artistas. Com mais de 3,5 milhões de discos vendidos, padre Zezinho, scj, lança o livro De volta ao catolicismo e os CDs Meu Cristo Jovem e Quem é esse Jesus?, este último uma coletânea em comemoração aos 45 anos de carreira do artista e às bodas de Ouro da gravadora.

Abrindo os pocket shows, Via 33 canta músicas do segundo álbum, Voz do meu silêncio. Jonny comemora os 25 anos de carreira com o CD A luz de uma nova canção. Com seu estilo soul e black music, Typ Vox, grupo de Taubaté, apresenta CD homônimo, o primeiro da carreira.

Eventos
Dia 8 (quinta-feira), às 16h
Pocket show com Via 33, CD Voz do meu silêncio;

Dia 10 (sábado), às 14h
Pocket show com Jonny, CD A luz de uma nova canção;

Dia 10 (sábado), às 16h
Pocket show com Via 33, CD Voz do meu silêncio;

Dia 11 (domingo), às 13h
Pocket show com Typ Vox, CD Typ Vox;

Dia 11 (domingo), às 15h
Encontro com Pe. Zezinho, scj

Expo Center:
Rua José Bernardo Pinto, 333 Vila Guilherme CEP : 02055-000 São Paulo / SP

Sala de Imprensa
Paulinas-COMEP
divulgacao@paulinas.com.br
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segunda-feira, 15 de março de 2010

Artigos - 15 de Março

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MILHÕES DE MORTOS

Falo contigo Jesus! Não sei o que dizer, não sei o que pensar! A tsunami, os terremotos, os aluviões, os genocídios e as guerras do nosso tempo geraram milhões de mortos. Acrescentem-se pós suicídios, os assassinatos, as mortes por intoxicação e temos o quadro de uma civilização que não sabe como se proteger da morte nem como deixar de matar. Dessa vez foi o Haiti que levará mais de 50 anos para ser reconstruído. A Terra balançou e parte do Haiti morreu.

É a realidade do mundo. Por falta de condições os pobres vão morar onde o mar avança, onde os rios transbordam e onde os barrancos deslizam. Ir para onde? Dinheiro existe, mas vai para grandes monumentos e para o luxo. Se todos vivêssemos um pouco mais frugalmente haveria o mínimo necessário para todos. Mas escolhemos o demais e o de menos, nunca o suficiente e o justo.

Não sabendo o que pensar nem o que dizer ante mais este terremoto no Haiti, paro, penso e oro. Reconstruiremos aquele país sujeito a freqüentes desastres atmosféricos? E daremos a eles condições de viver sem o risco de tantas mortes? Caso não, para onde os transferiremos? Que país os acolheria? Quem lhes dará o dinheiro do qual precisam já que sua terra não tem o subsolo rico das outras?

Culpar-te é crer que existes, mas é também duvidar do teu amor. Criaste um universo em formação e, nele, uma Terra em formação. Ela se mexe e se move em placas tectônicas, as montanhas se movem, o céu se agita, as águas crescem, o clima age e reage. O universo inteiro está explodindo e se formando. Nós é que nos esquecemos disso. Viver é um risco. A depender de onde moramos, morre-se mais. Nenhum de nós tem certeza do dia de amanhã. É a lei da vida. Somos seres imprevisíveis de um planeta imprevisível. Hoje estamos vivos, amanhã talvez não. E quando não é o planeta é um carro, um avião, um acidente vascular cerebral. E partimos!

Pensar o quê? Dizer o quê? Exigir o quê? Tudo o que temos é o passado que nos impulsionou até aqui e o presente que por enquanto nos impele. O futuro não veio e nem sabemos se virá. Viver é bem isso! É a vida que nos deste! É precária, está sujeita a doenças e disfunções e, como o planeta, pode nos levar a qualquer momento. Não há um para onde. Há um para quem! Voltaremos ao teu colo!

Se não tivéssemos esperança de perdão agora e de um depois em Ti, a vida se nos mostraria bem mais enigmática. Mas eu tenho. Creio que um dia te conhecerei e que, junto aos que já chegaram ao definitivo, não estarei mais sujeito à dor e à morte. Agora, porém, não tenho respostas nem para os AVCs , nem para as tsunamis, nem para o terror, nem para os terremotos, nem para tanta morte. Só tenho a fé. Ensina-me a ver sentido onde meus olhos e meu coração não conseguem ver. Que a cruz na qual morreste me ensine! A morte deve ter algum porquê. A vida também! Educa-me para o tempo e para a eternidade!



NÃO CREMOS DO MESMO JEITO

Senhor Jesus Cristo, Filho eterno, cremos que vieste do seio do único Deus que há. Trindade de pessoas divinas, vieste e viveste entre nós revelando-te o Filho porque não sabíamos e ainda não sabemos ser filhos. Por razões de compreensão, te chamamos de Segunda Pessoa da Trindade. Nossa fala cria separação, mas é o único Deus que existe!

Aprendi que estás no céu e em toda a parte, porque és o próprio céu. Aprendi que o céu não é lugar, mas, sim um modo de ser e de existir. Aprendi que ouves minhas preces por todos os irmãos que te buscam, te amam, te louvam e esperam encontrar-te. Continuamos a saber pouco do teu mistério.

Faço parte daqueles que acreditam na existência de um Deus eterno e todo poderoso que se importa conosco. Mas não cremos todos do mesmo jeito. Suplico-te e suplicarei, sempre que puder, a graça de ser um cristão ecumênico. Naquilo em que estivermos de acordo, caminharemos juntos. Se discordarmos em algo, nem por isso viveremos em discórdia. Queremos aprender a discordar sem perder o respeito e o amor fraterno.

Dá-me, pois, coração e mente suficientemente abertos para sabermos que a luz que brilha no telhados dos nossos templos também brilha nos templos dos outros cristãos; e que a luz que entra pelas janelas e portas da minha casa também entra pelas janelas e portas das casas deles.

Que eu seja suficientemente humilde e fraterno para saber que as graças que me concedes, também as concedes a eles, a cada qual na sua devida dimensão e necessidade, às vezes com tanta generosidade que nem sequer ousaríamos pedir o que nos concedes.

Sei que não é tudo a mesma cosia, mas sei que podemos ser um só coração e uma só alma, ainda que não leiamos os evangelhos do mesmo jeito nem oremos com as mesmas palavras, nem tenhamos teologias e doutrinas iguais a teu respeito.

Concede-me, pois, um coração fraterno e generoso porque, se o teu amor reinar em meu coração eu saberei crer sem ofender, discordar sem deixar de amar, defender meus pontos de vista sem ofender os deles, elogiar o que há de bom nas igrejas deles e, se achar que algum aspecto da nossa igreja é melhor, dizê-lo com humildade e gentileza.

Que o uma fé fraterna e gentil, até mesmo quando discordarmos. Sei que podes e queres isto. E é o que te suplico nesta noite de oração.



DIVIDIDA EM FEUDOS

Sinto muito Senhor, mas é o que penso. Tua igreja esta dividida em feudos. São castelos fortes e redomas de vidro e de fé onde se entra com facilidade, mas de onde é difícil sair. E quem sai, sai sentindo-se culpado, expulso, excomungado.

São, também, feudos onde só entram os escolhidos pela direção desses castelos fortes da fé e onde os de fora que pensam diferente não são bem vindos. São tão cristãos quanto eles, mas como tem outro jeito de ver a vida, não podem falar naqueles púlpitos nem naquelas redomas.

Sinto muito Senhor, mas as seitas voltaram. Tua igreja está dividida em feudos, redomas, castelos. Abençoa os que conseguem ser cristãos de portões abertos, diastólicos e não sistólicos. Gostaria de ser um desses.



PROFETAS DEMAIS

O nosso, Senhor, é um mundo repleto de profetas. Estão nos templos, nas ruas, nas emissoras de rádio e de televisão, nos encontros, nos estádios, nos salões; em toda a parte. E o que fazem? Garantem milagres, mensagens, visões e até dão lugar e data e hora do milagre que acontecerá.

Falam em teu nome; dizem que estás mandando dizer aquilo que dizem. Garantem que são teus interpretes. O nosso é um mundo com milhões de profetas. É que, nesses tempos de mídia forte e de intenso marketing religioso profetas aparecem, ganham status, são vistos como alguém que fala contigo e que tem um contato íntimo com o céu.

São vistos como gente que sabe tudo o que está na Bíblia e entendem do presente, do passado e do futuro. São os novos Elias, Jeremias e Moisés. Multidões passam horas a ouvi-los. Eletrizam o povo. Alguns realmente o são. Suas vidas simples e bonitas traduzem isso. Mas muitos abusam do status, mesmo sem ter a estatura de um profeta. E se alguém os questiona, usam do poder que possuem. Retaliam e silenciam este irmão incômodo.

Dá-me, se posso pedir mais uma graça, a graça de nunca, jamais cair nessa tentação na qual caiu Salomão que se promoveu como o mais sábio, o maior e até garantiu que te vira duas vezes. Se eu for profeta, que nem perceba que fui e se tiver que ser, que eu saiba ser com humildade de pequeno profeta que sabe admite que há outros bem maiores no mesmo vídeo e o mesmo canal...

O mundo está cheio de profetas. O tempo dirá se o são de fato. Pelo que tenho visto e ouvido, a maioria gostaria de ser, mas não é. É que bons profetas não mentem. Mas eles enganam e mentem. E, o que é pior: sabem que estão enganando e mentindo. Liberta-nos Senhor dos que dizem que tens um recado especial dado por meio deles. Se isso não for possível, dá-nos ao menos a graça de saber quem é e quem não é. É triste seguir quem diz que sabe, mas não sabe nem sequer de onde veio, quanto mais para onde vai. Livra teu povo desses vaidosos filhos de Ceva e Simões Magos do nosso tempo. (At 8,9-13; At 19,14)



OS TEUS RECADOS

Sei de muitos pregadores que se enganaram a respeito de si mesmos e a teu respeito. Acharam que lhes davas um recado especial e se apressaram a proclamá-lo na mídia. Deus curaria aquela criança por quem oravam. Deus curaria uma senhora por quem o povo intercedia. Diante de milhões de fiéis passaram como profetas e videntes.

Foram reverenciados e aplaudidos, mas o que profetizavam não aconteceu. Ao invés do pedido de desculpas e da retratação humilde, preferiram o silêncio. Com isso, tornaram-se charlatões. Para o povo, eles ainda parecem piedosos, santos e profetas, mas quem conhece a tua palavra sabe que eles a usaram para promover-se aos olhos da multidão. O púlpito carrega este perigo; em todas as igrejas.

Não eras Tu. Não estavas a falar. Através da história houve muitos videntes que viram o que queriam ver e não o que existia. Houve muito mais videntes do que aparições ou mensagens.

Por isso, bom Deus, põe prudência e juízo no meu coração para que eu não invente visões que não existiram ou mensagens que não me foram dadas. Sei que não sou um bom profeta, mas se devo ser um, dá-me a graça de não inventar curas, recados, mensagens e visões. Dá-me o dom de distinguir o que é e o que não é. Se eu errar, concede-me a graça de ser suficientemente humilde para admitir meu erro. Caso contrário, aí mesmo é que não serei um profeta. Verdadeiros profetas não mentem nem a si mesmos nem a ti e nem ao povo. E não fazem qualquer coisa para ganhar mais uma salva de palmas...



FALAR A TEU RESPEITO

Falar a teu respeito é sempre uma ousadia, mas não permitas, Senhor, que eu me torne seja um pregador atirado e atrevido, daqueles que afirmam o que não sabem, põem na tua boca o que não disseste, oferecem revelações que não lhe foram feitas e proclamam evidências que não aconteceram.

Deus quer, Deus disse, Deus exige, Deus manda, Deus fará, Deus concederá. Deus me diz nesse momento, Deus me disse ontem, Deus me disse meses atrás. É o que dizem com freqüência. E querem que acreditemos. E muitos acreditam, com o se qualquer um pudesse ser teu profeta!...

Eles sabem que mentem, sabem que blefam e, se não sabem, estão tremendamente confusos. Querem tanto que lhes fales que, antes de lhes falares, saem por aí dizendo que falaste. Querem tanto encontrar-te que, antes de te encontrarem, saem por aí dizendo que te encontraram. Não te dão tempo, comem o Teu pão antes de ele estar assado.

Ousado eu quero ser, atirado, não. Proclamarei que Tu existes, que és Pai e que és amoroso. Mesmo não sabendo explicar os desastres ecológicos, as mortes de crianças, as enfermidades incontornáveis, as torturas, os assaltos, os seqüestros, os estupros, a violência, a destruição dos teus filhos inocentes... mesmo assim, eu proclamo que existes.

Ouso dizer que existes e amas, embora não saiba explicar os acontecimentos que me cercam. Não conheço a tua mente infinita, mas dizer que sou profeta, que me dizes coisas, que sopras mensagens aos meus ouvidos e diante de uma platéia atônita, afirmar que eu estive contigo, estivestes comigo, me falaste, me deste um recado, isso eu não farei!

Se me falasses ou achasse que me falas, eu procuraria irmãos mais profundos para me orientar sobre a natureza de tais acontecimentos. A maioria dos que disseram que lhes falaste e deste algum recado, estava enganada. Não eras Tu.

Os outros provaram com o tempo e com as suas vidas que algo de especial lhes acontecera. Mas, ao fim ao cabo, nem mesmo eles sabiam explicar como e por que aconteceu. Permaneceram humildes até o fim, nunca se exaltaram. Por estas e por mil outras razões, é que eu te peço a graça da ousadia em te proclamar-te, mas de não ser atrevido ao te proclamar-te.

O mundo tem mais gente passando por santo e por profeta que gente santa e com o dom da profecia. É fácil falsificar um produto e, ainda por cima, colocar nele um selo que o apresentam como verdadeiro. Difícil é fazer um produto de qualidade, que mesmo sem selo as pessoas percebam que é genuíno e legítimo.

Não te peço essa profecia, peço apenas a humildade de reconhecer que talvez eu não a tenha. Anuncio-te, sem dizer que somos íntimos, não por culpa tua. Eu é que ainda não consegui entrar no seu santuário. Estou longe de ser o crente e a pessoa que eu deveria ser dentro da minha Igreja, diante das outras Igrejas e diante do mundo.



EM NOME DA LIBERDADE

Já não há o que justificar no terrorismo. Beira á insanidade. Com um projeto político em mente, tanto o terrorismo subversivo quanto o de Estado matam quem lhes cruza o caminho. Conta-se aos milhões os inocentes mortos em ataques traiçoeiros e terroristas através dos tempos. Feitas as contas, os cidadãos inocentes mortos por grupos belicistas em conflito dariam um enorme país. Alguns autores falam em 200 milhões de mortos pela violência. E são milhares os inocentes mortos nos últimos vinte anos, desde que tomou vulto a nova face do terrorismo, ontem de esquerda ou de direita, hoje com rótulos de religião e de nacionalismo.

Escolas, igrejas, metrôs, aviões com inocentes turistas, orfanatos, hospitais, nada escapa à fúria sanguinária desses defensores da liberdade à custa de sangue inocente. Não importa a quem matam, desde que matem e seu ato repercuta para que o mundo não esqueça a sua causa.

É pobre e é podre uma ideologia que vale mais do que milhares de vidas inocentes. Não é nem justiça nem punição. É fúria demente. De Herodes se afirma que fez isso. O idumeu com medo de perder o poder, teria matado milhares de crianças e também sua sogra, seus dois filhos e sua esposa. O poder o enlouquecera.

A Bíblia fala de grupos religiosos que passaram mulheres e crianças a fio de espada. ( Josué 6,21; Jz 21,10) Nos terroristas de agora, a loucura é a mesma. Agora jogam bombas. Matam com mais eficiência. Isso não torna mais inocentes os que, no poder também explodem templos e escolas. É a loucura do lado de cima.

Matar paraplégicos, bebês, crianças, enfermos e anciãos são crimes que bradam aos céus. Nós, católicos acrescentamos o crime de extrair um feto indesejado. Quem não crê em Deus, nem vê o feto como um futuro ser pensante, terá outra noção de pessoa e de vida. Mas nem por isso ele pode matar!

Em nome de suas nações e do futuro, governantes e sediciosos mataram e massacraram sem piedade. Fizeram milhões de vítimas. Continuam fazendo! Um bando de leões é menos sanguinário do que tais guerreiros. À sua passagem, ruínas, corpos estraçalhados de bebês, de mães grávidas, de crianças, de adolescentes e de jovens. Não matam apenas guerreiros. São covardes por opção. O poder ou a busca do poder o enlouquece. No começo de fevereiro terroristas queimaram mais uma escola com as crianças dentro dela. Pensei em Herodes, nos Danitas e no povo de Laís! ( Jz 18,27 )


PE. ZEZINHO SCJ

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sexta-feira, 12 de março de 2010

Artigos - 08 de Março




ECUMENISMO E SINCRETISMO

Imagine uma dona de casa que fizesse uma sopa com verduras das quais ouviu falar, mas que não conhece. A sopa pode até sair com razoável sabor, mas as chances são de que saia com gosto no mínimo esquisito. Na base do ecumenismo está a atitude e o gesto de respeito pelas outras religiões. Não temos que concordar, mas temos que respeitar. O sincretismo, porém, leva ao desrespeito: é lidar com imagens e símbolos e doutrinas de outras religiões e misturá-las com elementos da nossa religião sem respeitar nem uma nem outra. Há o desrespeito para com a outra religião, cujos símbolos estamos usando de maneira errada e para com a nossa própria religião, na qual introduzimos símbolos que não têm nada a ver com o nosso modo de encarar a vida.

Uma coisa é o ecumenismo: respeitar a sopa e o gosto do outro; outra é o sincretismo: misturo a sopa dele e a minha e o que der, a gente assume! Uma coisa é respeitar a fé do outro, outra é adotá-la e misturar tudo no nosso culto para agradar quem veio. Nem eles gostam nem nós gostaríamos que misturassem as coisas. Por isso, o bispo reagiu contra o religioso de outro grupo que, querendo acolher os católicos, soprou baforadas de charuto sobre um cálice. Era sincretismo. Não é conveniente nem do nosso lado, nem do deles. Mas diálogo e respeito, isto sim! Orar juntos faz bem. Já o fizemos em encontros ecumênicos, onde um ouve e acolhe a prece do outro. Mas misturar gestos e objetos de cultos é mais do que orar junto.

Cuidado com tais misturas. Para qualquer mescla dar certo é preciso critério. Remédios, bebidas, comida não podem ser misturados ao bel prazer de qualquer pessoa ou grupo. Dá-se o mesmo com a fé. Cantar os cantos de outra igreja num culto é até possível, desde que as palavras não neguem o que cremos. Usar vestes de outros cultos é desrespeito a quem as usava primeiro. Usar expressões de outra igreja e com ela derrubar um conceito é no mínimo, provocação. Propor a Novena da Sagrada família que os católicos já praticam há séculos e usá-la, não para exaltar Jesus Maria e José e, sim, para chamar um casal para a Igreja é um tipo de pseudo-sincretismo: usa o termo, mas não no seu sentido original. Assim com os óleos, águas bentas e outros objetos de culto. Nem nós devemos desrespeitar o que é caro aos outros nem eles o que é caro a nós.

O respeito a nós mesmos e aos outros exige identidade. Não se cola pétalas de rosas numa orquídea, mas pode-se juntar ambas num buquê. O sincretismo não une: descaracteriza!



O DISCURSO SECTÁRIO

Grande sofrimento para a Igreja, porque leva á divisão e a distanciamentos é o discurso sectário, nascido de preconceitos que não interessa ao pregador sectário corrigir. Ele perderia espaço. Então ele ressalta o que á de bom no seu grupo e dá um jeito de mostrar o que há de errado nos outros. Falemos dos fatos e omitamos os nomes.

Funciona da seguinte forma: ele tem uma idéia de como deve ser a Igreja, evidentemente uma igreja que ore e pense como seu grupo faz. Afirma que Deus suscitou o seu grupo para melhorar e até salvar a Igreja. Está convicto disso. O seu jeito de ser católico é o jeito certo. Disso vive, por isso milita. Seus olhos estão voltados para o que seu grupo ou seu movimento leu e entendeu. O resto é inferior.

E, se alguém for em direção diversa ou oposta, na sua ótica este alguém está indo contras a Igreja, porque somente a sua direção é que é a correta. Não lhe ocorre em absoluto que os desvios possam ser dele e do seu grupo. Lembram os três soldados que marchavam a contra pé e acusavam todo o batalhão de marchar errado. Tinham escolhido outra batida como a batida correta.

O Papa se pronuncia num documento sobre os excessos de determinada teologia. Eles, que são da linha oposta, supervalorizam o que Roma disse e começam a divulgar que o Papa condenou aquela forma de fazer teologia. Dois anos depois, o mesmo Papa se pronuncia dizendo ver valores naquela teologia, e que dela se deve expurgar apenas alguns conteúdo estranho ao catolicismo. Este documento eles não repercutem. Seria elogio ao que eles condenam. A Conferência dos Bispos do Brasil emite um documento de Reflexão Cristã sobre a Conjuntura Política. Eles que fogem de política e discordam da política da CNBB, segundo eles, mais á esquerda não repercutem o documento. Seus membros não tomam conhecimento dele.

A CNBB emite um documento de orientações pastorais sobre a linha do dito movimento. Eles não obedecem e continuam a fazer o que sempre fizeram nas suas liturgias e ensino. Recorrem a outras fontes. Não se sentem atingidos pela orientação. Mas prosseguem lembrando sempre que, uma vez em tal e tal documento, o Papa condenou determinada teologia. Nunca dizem que em outra vez ele viu valores e mostrou aceitá-la sem os excessos. Assim, os membros daquele grupo ficam sempre sabendo do que o Papa disse contra os outros, mas nunca o que o Papa ou os bispos disseram contra eles. Vale o alerta contra os desvios dos outros e raramente o alerta contra os desvios deles. Divulgam entre si que deixou o sacerdócio por ser da outra linha de teologia, mas nunca falam dos que por serem da sua linha mudaram de igreja ou também deixaram o ministério.
Salienta-se o lado negativo dos outros, nunca as virtudes e acentua-se o lado positivo próprio e nunca os defeitos e falhas.

Acontece dentro das igrejas chamadas cristãs e acontece entre elas. O que é bom neles, eles super-exaltam. Super-exaltam o que é ruim nos outros. O que é bom nos outros eles silenciam. Mas silenciam também o que é ruim neles.

Eis o discurso sectário. Seu lado tem que vencer. Por isso, elogiar o que o outro tem de bom, reproduzir seus escritos ou canções não lhes interessa, já que acham que têm gente melhor fazendo coisa melhore entre eles. Elogiar ou reproduzir outros enfoques teológicos e pastorais parece-lhes que seja correr o risco de perder adeptos. Não lhes ocorre que o diálogo forma cristãos de coração aberto. Não compreendem que se possa admirar o que há de bom no outro sem ter que concordar em tudo.

Em alemão há um ditado que propõe que não se jogue pela janela a água suja da bacia com a criança. É o que fazem. No caso dos católicos, seus pregadores insistem e mostrar um documento que condenava a outra linha de teologia, mas intencionalmente omitem o que mostrava seus valores. Ocultam o que é dito sobre eles e seus desmandos e jamais divulgam suas perdas. As dos outros, sim! No caso de outras igrejas comprazem-se em mostrar os pecados do clero católico, mas ocultam os pecados do seu clero, insistem em mostrar a idolatria da nossa igreja e omitem as idolatrias e o culto da personalidade na deles.

Se vai mudar? Vai! Quando a honestidade entrar pela porta e expulsar o sectarismo pela janela. Quem não consegue mostrar o lado bom dos outros não está preocupado com a verdade, mas com a vitória da sua corrente. Isso é um gravíssimo pecado. Mas eles não se acham pecadores. A verdade está com eles e segundo eles, um dia os cristãos serão como eles são hoje! Tomara que não, porque seriam todos preconceituosos e incapazes de diálogo! A esperança é que os serenos, honestos e sensatos do mesmo grupo vençam e cheguem à liderança. Com eles haverá menos sectarismo, mais diálogo, mais fraternidade e mais verdade. É que há muita coisa boa entre eles, que, contudo se perde dentro de um fechamento propositado de líderes insistem em jogar suas lanternas na direção errada. Iluminam-se demais e quando podem apagam a luz dos outros!



MESTRES QUE ESCREVEM

Contar histórias, bem ou mal, qualquer um conta. Não faz muito tempo uma simpática senhora analfabeta apresentou-se numa editora com um livro de 100 páginas na mão sobre seus dois filhos, seu cão e seu gato. O livro era cheio de humor e sabedoria, e estava bem escrito. A editora não o quis. Motivo: as histórias eram dela, mas não o livro. Teria problemas na divulgação, posto que a trajetória do livro depende muito da palavra do autor. Ela não era escritora.

Há mestres competentíssimos que não escrevem. Sua sabedoria de décadas fica confinada à suas salas de aula. Uns poucos desfrutam de seus conhecimentos. Há doutores que não escrevem. Ensinam para poucos. Alegam não ter tempo nem jeito nem disposição para outros livros.

E há os mestres que colocam sua sabedoria por escrito. Quatro ou cinco décadas de leituras, estudos, armazenamentos tornam-se livros riquíssimos de conteúdo destinado a qualquer leitor à procura de mais informação. Seus alunos se multiplicam em milhares ou milhões. Tenho alguns desses mestres escritores na minha estante. Louvo a Deus por eles. Leram mais de 500 livros sobre o tema e nos brindam com um livro de 200 a 500 páginas que facilita o nosso trabalho. O livro é seguido de outros igualmente substanciosos. Sei que outros como eu sequiosos de saber, têm ricas estantes com livros plenos de conteúdo, graças aos mestres que escrevem.

Tenho instado com amigos e companheiros meus a que escrevam. Ainda que vendessem apenas mil cópias, serviriam a mais do que aos duzentos alunos que os ouvem. Alguns já se convenceram, outros resistem. Com tantos livros sem pé nem cabeça, com tanto erotismo e violência nas bancas e tantos autores de parcos conhecimentos, seria bom que tivéssemos em mãos o pensamento de quem estudou e sabe das coisas.

Conheço rapazes moças que, se aprendessem a deixar por escrito as coisas extraordinárias que falam, iriam longe. Escrever é uma arte que se aprende quando se tem o dom da comunicação e suficiente conteúdo. O país poderia incentivar os jovens a escreverem mais do que já faz. Seria um grande avanço.

Precisamos das boas traduções de obras literárias que repercutem no mundo e isto já temos. Mas precisamos também de mais escritores nacionais. Eu, você, todos sabemos disso. Temos excelentes mestres que não escrevem nem mesmo em revistas e jornais. Convencê-los a escrever é um serviço ao país. Se um país se faz com boas escolas e bons mestres também se faz com bons livros!



FAZER E PERDER AMIGOS

Esses dias chegou-me um bilhete de um casal amigo. O bilhete dizia: -“ O carinho é o mesmo, mas faz quinze anos que sumimos um do outro. Quando passar por aqui tire um dia em honra da nossa amizade que nunca diminuiu!” Telefonei e irei. Já têm três netos e eu nem sabia!

Já ganhei amigos que não merecia e perdi amigos que não desejaria ter perdido. Alguns, por culpa minha, outros por culpa deles. Eu fiz certo, mas eles acharam que não fiz. Em outros casos achei que fazia certo, mas fiz errado. Não me quiseram mais entre eles.

Tive amigos de infância que não prosseguiram como amigos de adolescência ou de juventude. Alguns de meus amigos de juventude não permaneceram comigo na idade adulta. Agora que chego quase aos setenta anos, percebo que muitos amigos de três a quatro décadas não mais me telefonam. Nem eu a eles. Algum laço se rompeu. E não foi nem inimizade. Parecemos continentes que se separaram com o movimento das placas tectônicas da vida.

Na verdade, poucas amizades duram a vida inteira. A maioria delas perde a impulso. Esses dias, encontrei dois velhos amigos de muitas décadas. Perguntamo-nos o que houve que não mais tivemos tempo nem de telefonar. Os dois lados não sabiam por quê. Um deles, americano, usou a palavra we drifted apart: boiamos para longe... Foi o que houve. As águas do tempo nos foram levando e esquecemos de remar contra a corrente para nos vermos mais vezes.

Amigos de longa data de repente foram embora e até hoje não sabemos por quê. Outros foram e quando nos vimos depois de 30 anos a amizade ainda era a mesma. Muitos de meus jovens precisaram da ausência para descobrir o que quanto fui importante na vida deles e eles na minha. Outros nunca perderam o contato. Colegas sacerdotes que conheço há cinqüenta anos permanecem grandes amigos, mesmo se faz dez que não nos vemos.

Isso de fazer e de perder amigos tem a ver com a atenção e o porquê. Às vezes ficamos desatentos e lá se vai o amigo. Às vezes ele perdoa. Ás vezes nós perdoamos os meses ou anos de telefonemas não dados. Há mais do que telefone nestes laços.

Há amigos pais, amigos filhos, amigos irmãos e amigos-amigos. Sem alguns, eu não saberia viver. Doeria demais. Nem eles vivem sem mim. Mas há outros cujo silêncio não doeu, mas nem por isso deixamos de nos querer bem. É mistério. Há amizades duradouras que nunca foram profundas. Há amizades profundas e duradouras. Há outras que duraram pouco. E há outras que não admitimos nem mesmo a hipótese de perder. Entraram na alma.

Uma coisa, porém, é certa. Trocar e substituir amigos, nunca! Não é porque arranjamos novos amigos que descartaremos os de ontem. O coração tem que ter lugar para outros mais. Amigo algum poderá ocupar o trono do outro, nem mesmo do que se foi e nos deixou sem uma palavra e um porquê. O lugar dele fica, à espera de sua volta, mesmo que nunca mais volte.

Isso de ser amigos é mistério. Nem Ágape, nem Eros nem Filia explicitam. É algo indefinível. Gostaríamos de não amar, mas amamos. E daí? Não os pedimos, mas vieram. Acho que Deus algo a ver com isso! Alguns amigos, por mais que briguemos foi Deus quem os deu. E dom de Deus a gente não desperdiça!



ENTRE A PALAVRA E SINAL

O perigo de todo pregador da fé que precisa vive entre a Palavra e o Sinal é o de chamar de símbolo o que não é, de sinal o que não é e de acentuar em demasia a Palavra, em detrimento do Sinal. Também erra ao colorir demais o Sinal em detrimento da Palavra.

Nem todo sinal diz o que dizemos que ele diz e nem toda palavra por nós interpretada diz o que dizemos que ela diz. Costumamos apressar o tempo da semente porque tememos que ela não frutifique ainda no curso da nossa vida. Então damos um jeito de urgentizar o que precisa de espaço e de tempo. É o que faz a comunicação açodada e apressada da fé que converte milhares de almas para Cristo, mas depois não sabe onde colocá-las dentro das igrejas. São tratadas como tijolos. Se não cabem são postas de lado no processo urgente de sucesso e mais valia que se tornaram algumas igrejas e alguns grupos de igrejas.


Aí entra a hermenêutica, aí entram as exegeses, aí entram as mais de trinta matérias do Curso de Teologia. Aí entra a Prática e a Crítica de Comunicação. São conhecimentos e experiências que obrigatoriamente se interligam e ensinam a semear, a valorizar o que outro já semeou, a cultivar e a esperar o tempo de Deus e o tempo da semente que não são os nossos.

Nem tudo é Palavra, nem tudo é Sinal, nem toda cerimônia litúrgica serve como Sinal e nem toda pregação é pregação da Palavra. Depende do que diz o pregador e de como conduz a celebração. Em termos de comunicação cristã , como nas grandes avenidas, há perigo na lentidão e há perigo no excesso de velocidade. Aas placas não estão lá por acaso! Já foi testado!

Aqui entramos no delicado campo da matéria relativamente nova chamada Pastoral da Comunicação e com diversos nomes, a depender da faculdade e de quem a ministra.

Aqui a temos chamado de Prática e Critica da Comunicação, porque por exigüidade de tempo não há como demorar na teoria. Isso, o aluno pode conseguir em livros. Parece-nos de suma importância que o aluno aprenda a ser crítico da própria comunicação, aprenda a aceitar as críticas dos outros e quando criticar a comunicação dos outros saiba fazê-lo levando em conta os valores, as intenções e o lado positivo daquele trabalho. Nem por isso deve ter medo de alertar o irmão e a irmã na fé quanto a possíveis desvios ou ensinamentos inadequados. Quem mais recebeu tem o dever de dar mais. Quem sabe mais tem o dever de ensinar. O mero fato de poderem ser alunos de Teologia em Faculdade que lhes mostra outros mestres além dos que vocês já seguem, aumenta em vocês a responsabilidade perante seus irmãos catequistas que não cursaram o que vocês cursam.

Professores de teologia e filosofia em fins dos anos 60, e mais tarde vários deles em cursos que fiz, ao nos apresentarem autores como Hans Kung, Gregory Baum, Karl Barth, Edward Schillebeeckx, Johannes Paul Tillich, Teilhard de Chardin, Romano Guardini Karl Rahner, Friedrich Nietzsche, e assim por diante, pediam o cuidado de não julgar apressadamente um teólogo. São anos e anos de estudo sério debruçados sobre a busca de Deus e da pessoa humana. É muito fácil desfazer de um pensador só porque ele não diz o que nosso mestre nos disse; especialmente quando nosso mestre nem sequer tem o hábito de ler livros. Acontece em muitas igrejas e não apenas na nossa, que muitos que formam a consciência cristã dos seus seguidores falam como se soubessem mais do que irmãos e irmãs com anos e anos de estudo da fé.

Estudas teologia e comunicação ainda não é fazer teologia e comunicação. Isso demora mais um pouco. Brincar de pregar teologia sem estudá-la, de fazer comunicação sem estudá-la pode dar em superficialidades e fanatismo perigosos. A nós, a quem foi dado por um tempo um microfone e uma câmera, não resta outra coisa senão estudar com profundidade a filosofia, a teologia, a catequese e a comunicação da Igreja através dos tempos: primeiro para ao repetirmos os erros dos hereges de ontem, segundo para levarmos ao povo a sabedoria de tantos séculos, os documentos e pronunciamentos da Igreja do nosso tempo e uma catequese abrangente, aberta e atual. Além disso, não se faz boa comunicação na mídia católica sem o conhecimento básico dos temas caros à catequese e à teologia dos católicos.

É mais do que aulas de catequese. É pratica, é vida, é ascese. Quem nunca sofreu para fazer teologia ou comunicação não entrou de cheio no tema. Os temas se confundem embora sejam tratados de maneira peculiar: história da comunicação humana, historia da comunicação cristã, história da comunicação entre os católicos, história da comunicação entre os evangélicos, psicopedagogia da fé, pedagogia da comunicação, sociologia da comunicação, filosofia da comunicação, teologia da comunicação, mitologia e comunicação, hermenêutica, símbolos e sinais, o poder do mito e dos sinais... Tudo isso está em livros nas nossas bibliotecas em extensos tratados de religião comparada. Destaco os autores Joseph Campbell, Karen Armstrong, Gerald Messadié, Mircea EIiade, Juan Antonio Estrada e centenas de obras de exegese e hermenêutica que nos ajudam a caminhar entre a Palavra o Sinal e distinguir o que realmente pode ter sido dito e o que não pode ter sido dito da forma como chegou até nós. Aquela narrativa do gesto de Jesus tinha que objetivo e que significado naqueles dias?

O perigo de seguir um só mestre é o de escolhermos um que por mais santo que seja sabe tão pouco que sua sopa será sempre rala. Melhor é ouvir vários mestres que nos levem com mais segurança ao Mestre dos Mestres.

Todo mestre precisa ter medo das próprias convicções e ter em conta que ele sozinho não tem como dar aos discípulos toda a sabedoria da Igreja. Seus discípulos, no mínimo, têm que ser alunos de outros mestres mais versados em teologia, filosofia, história e comunicação. Podem ser fiéis a ele, mas não podem ater-se apena ao que ele sabe. Bom mestre, humilde e santo é o que leva seus discípulos lerem e aprenderem com outros irmãos na fé que têm o que ensinar e gozam do respeito da Igreja.

Para quem tem fé sólida conhecer o pensamento de outros autores católicos com outros enfoques, de outros autores evangélicos, de ateus ajuda a ter mais abrangência no olhar. Perder a fé porque um autor o abalou é sinal de conhecimento insuficiente da fé que se tinha.



O SIGNO DO GRÃO DE MOSTARDA

Cuidado com a Teologia do Sucesso ou com a Teologia de Resultados. Não trabalhe com o objetivo de arrastar multidões. Erraria desde o começo. O Papa Bento XVI, quando ainda cardeal Joseph Ratinger diz isso no livro O Sal da Terra, pg 14-15, Editora Imago:

Nunca imaginei que pudesse, por assim dizer, mudar o rumo da História. E se até Nosso Senhor acaba primeiro na Cruz, vê-se que os caminhos de Deus não conduzem tão depressa a sucessos que se possam avaliar.

Julgo que isso seja de suma importância. Os discípulos fizeram-lhe algumas perguntas tais como : “o que se passa, por que é que nada avança?” E ele respondeu com as parábolas do grão de mostarda, do fermento e com outras semelhantes e disse-lhes que a estatística não era uma das medidas de Deus. Não obstante, acontece com os grãos de mostarda e com o fermento alguma coisa essencial e decisiva que não se pode ver agora.

Nesse sentido penso que se tem de abstrair dos parâmetros quantitativos do sucesso. É que nós não somos uma empresa comercial que pode avaliar em números se faz uma política de sucesso e se vende cada vez mais...


O então cardeal , hoje papa, vai ainda mais longe:

Talvez tenhamos de nos despedir das idéias existentes de uma Igreja de massas. Estamos possivelmente perante uma época diferente e nova da história da Igreja. Nela o cristianismo voltará a estar sob o signo do grão de mostarda, em pequenos grupos, aparentemente sem importância, mas que vivem intensamente contra o Mal e trazem o Bem para o mundo. Deixam Deus entrar! Vejo que há muitos movimentos desse tipo.

E observa:

Não há conversões em massa ao cristianismo, não há uma mudança história paradigmática nem uma virada. Mas existem formas fortes de presença da fé que voltam a dar ânimo, dinamismo e alegria às pessoas: presença da fé que significa alguma coisa para o mundo.

O papa compara a Igreja a um barco experimentado e provado e contudo novo porque renovado. O mundo ainda precisa dele para a travessia. E se ele não existisse teria que ser inventado.

O decantado declínio da Igreja que perdeu para o marketing do mundo dá a entender que o modelo de comunicação do mundo venceu e o da Igreja perdeu. Mas o papa lembra que exatamente nos últimos 60 anos quando a Igreja foi praticamente ignorada pelas políticas do mundo e pela mídia foi esta visão de sucesso mundano que causou tantos colapsos espirituais, econômicos, e abandonos que conhecemos.

O esquema do sucesso pessoal leva a graves cisões e rupturas com a família e com a comunidade. O modelo do sucesso pessoal ou de um grupo sobre o outro expulsa a cooperação e solidariedade e cria fanatismos e fechamentos.

Mais tarde o papa no livro DIO E IL MONDO continuação dessa mesma entrevista Peter Seewald entra no tema ESSENCIALIZAR. Tema que ele aborda também na página 17 do já citado livro o Sal da Terra.

E isto seria anunciar
um Deus no qual se crê de verdade
num Deus que conhece o Homem
num Deus que entra em relação com o Homem
num Deus que é acessível a todos
que se tornou acessível em Cristo
e que faz História conosco
e se tornou tão concreto que fundou uma comunidade.

O perigo do marketing da fé diz o papa é
1-Lançar uma religião contra a outra
2-ou nivelar tudo como se tudo fosse a mesma coisa

Deduzir que as religiões são simplesmente todas iguais e que estão umas para as outras como num grande concerto, numa grande sinfonia, em que todas, afinal, tem o mesmo significado seria errado. Há religiões que tocam desafinado e algumas delas podem tornar mais difícil para o Homem ser bom, porque aceitam ou pregam a vingança ou a violência, o aniquilamento dos outros. ( pg 21)

Aí entramos na comunicação sectária.

Assim como o homem tem capacidade para construir pontes e destruí-las, assim também as religiões. Depende de quem a dirige e de quem prega.

Se usar errado dos símbolos e sinais e ensinar como se fosse o que realmente não é vamos ter cegos guiando outros cegos. Alguém pode estar cego pelas luzes do seu grupo e de tanto holofote em si mesmo não saber para onde está levando seus ouvintes.

O marketing não tem paciência. Diz ainda o papa que faz parte da fé da Igreja a paciência do tempo. ( pg 27)

Fomos ensinados e muitos de nós adotamos a urgência do vencedor agora já. Aceite Jesus agora já. Consiga a graça agora, já. Deus está lhe dizendo agora, já. Somos pregadores e fiéis afobados porque os tempos urgem. Mas isto, só parta o milenaristas que acham que o mundo acabará em 2012.. São como os que achavam que acabaria a cada começo de século e apostavam que o anticristo já estava no mundo e que estávamos molhados da sua chuva! Erraram. O marketing leva a um pregação urgente. Vendem a laranja verdade como se fosse madura e quase sempre a um preço futuro!

É mais do que oportuna a mística da paciência para com a semente que tem seu tempo de germinar. O marketing agressivo de algumas igrejas não dá tempo á semente. Por isso elas se proclamam igrejas de resultados. A pergunta : - Que resultados? O tempo responde. Respondeu ao comunismo e ao nazismo implantados á força e responderá aos púlpitos apressados e apressadores do Reino de Deus.


Pe. ZEZINHO scj


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quarta-feira, 3 de março de 2010

Artigos - 02 de Março

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PADRES, PASTORES E IMAGENS

Tenho dito a alguns dos meus amigos evangélicos, os que aceitam dialogar sobre o tema, que já chegou a hora de eles reverem os seus rígidos conceitos contra o uso de imagens, uma vez que pastores evangélicos e pentecostais aderiram em cheio ao uso de suas próprias imagens pela televisão e em cartazes, revistas e outdoors.

A caminho de Jaboatão, em Pernambuco, há uma imagem de um pastor á frente da Igreja; em Taubaté, no que ontem era um supermercado e hoje é igreja há um grande cartaz do sorridente missionário R. Soares anunciando os cultos de sua Igreja. A presença de pregadores evangélicos na televisão acaba se tornando uma imagem permanente na casa dos seus fiéis. Que diferença faz entre ser uma imagem que se move e uma de gesso ou de pedra, se ambas representam uma pessoa que está noutro lugar? Há santos vivos ainda na terra e santos vivos já no céu. Usar imagens de uns e de outros é um jeito de fazer o fiel saber que têm quem os leve a Jesus e por eles interceda.

Como agora estes irmãos estão fotografando, imprimindo, esculpindo, colocando imagens de seus pregadores e modelos de vida à porta de suas Igrejas, entendendo que o carinho que votam ao seu santo da terra é merecido, talvez consigam entender que nós católicos também, há séculos votamos carinho a quem foi santo na terra e agora o é no céu. Não cremos que os falecidos estejam dormindo. Estão salvos e vivos pelo sangue de Cristo que os próprios evangélicos cantam que tem poder. Quanto a invocar o santo da terra, eles já invocam, ao pedir aos seus pastores que orem por eles. O pastor acata o pedido e ora ao Pai em nome de Jesus por este fiel. É intercessão de um santo da terra. Nós aceitamos as duas: a do santo da terra e a do santo do céu, porque, diferentemente deles, cremos que o céu está repleto de santos e lá existem muitas vagas à nossa espera.

Para nós, quem morre na graça do Cristo não vai para o sheol do esquecimento, nem para o sono sem prazo; vai para o céu.

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Este assunto de santo que ora aqui na terra e santo que ora lá no céu é delicado . Segundo muitos irmãos de outras igrejas, os seus santos ainda dormem á espera do dia do juízo. Embora digam que o sangue de Jesus tem poder dizem que os que morreram em Cristo ainda estão à espera do último dia. Garantem que não há santo no céu e que eles não podem interceder por nós porque dormem. Então oram aos seus santos vivos que falam e pedem por eles na televisão e nos templos.

Os nossos santos, a nosso ver, estão vivos e salvos por Jesus e intercedendo por nós ao Pai em nome de Jesus. Não temos a mesma visão de santidade e de morte. Pode-se achar argumentos em favor deles e a nosso favor na mesma Bíblia. O que sabemos é que Deus é misericordioso e que Jesus disse que iria preparar-nos um lugar. Não levará milhões de anos até que um cristão entre no céu, depois da morte.

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O assunto adorar a Deus e venerar os santos que Jesus salvou é outro assunto delicado a separar católicos e evangélicos ou pentecostais. Não adoramos imagens, tanto quanto eles não adoram as imagens dos seus pastores que falam na televisão e que, ultimamente, andam colocando à porta dos seus templos. Pedimos orações dos nossos santos já salvos no céu e também dos nossos santos ainda vivos na terra. Eles pedem a dos seus santos vivos na terra e não pedem as preces dos irmãos que já morreram. Nossa noção de Último Dia é diferente. Se ostentam imagens dos seus pregadores e santos daqui, então deve ser porque os amam muito e aquela imagem os faz pensar no Jesus que eles anunciam. Nós fazemos isso com os nossos santos.

Nem nós os acusaremos de adorar imagens de pastores nem eles nos devem acusar de adorar os nossos santos. Nem eles nem nós somos idólatras. Quanto ao fato de colocar as imagens de nossos santos no altar ao lado do sacrário, onde cremos que está Jesus, não é para adorá-los. É para dizer que não há melhor lugar para colocar uma imagem de quem viveu com o Cristo.

Eles usam as imagens de seus santos vivos de televisão para pensar em Jesus e, nós, pela mesma razão, a do papa e dos nossos santos vivos. De quebra, usamos as dos santos mais antigos, já que estamos aqui por mais séculos do que eles. Daqui a muitos anos, quem sabe façam o mesmo que nós, sabendo que a memória dos santos é altamente pedagógica. Quando seus pastores, agora vivos, morrerem, talvez os lembrem com alguma foto ou imagem. Certamente não quererão esquecê-los! Se já estão pondo as suas imagens á entrada de suas Igrejas é porque eles também apostam nos seus homens santos. Não são idólatras? Nem nós!



PALAVRA CERTA DO JEITO CERTO

Já não me lembro de quantas vezes precisei corrigir frases e palavras em livros, artigos e canções porque alguém me corrigiu. Eu errara ou minhas palavras imprecisas não diziam o que eu quisera dizer.

Um grande número de pregadores mostra rebeldia e mágoa quando alguém lhes aponta erros. Não eu. Aprendi no tempo certo e na hora certa que somos todos passíveis de erro e de correção. E como! Deus me deu a graça de não ficar magoado diante de críticas e correções, mesmo quando estava mais do que claro que o erro era de quem me corrigia. Eu podia mostrar em que livro buscara aquele conteúdo. Não foram poucas as vezes em que, confrontado com outra linha de pensamento, precisei deixar o outro vencer, porque o diálogo não tinha como ir adiante.

Desde o começo, orientado por sacerdotes experientes, orei para que Deus me desse a graça de uma pregação serena e forte e de palavras certas do jeito certo, na hora certa e para a pessoa certa. Cheguei a registrar isso em canção. Eu sinceramente orava e ainda oro por esta graça, porque nossa cabeça gosta muito de dizer o que lhe vem na hora e depois atribuir isso a Deus, mas algum documento nunca citado, ou a algum teólogo de renome... Isso, para não admitir pura e simplesmente que erramos!

Um dos perigos da pregação reside nisso: palavras erradas ou insuficientes, jamais corrigidas; por conseguinte, catequese errada que nasce da nossa boca. Confiamos demais nas nossas orações e muito pouco nos livros e documentos da Igreja. Aquele sacerdote que se declarava membro de uma igreja pentecostal porque, segundo ele, é impossível ser católicos sem ser pentecostal, ao exagerar no acento, cometeu um pequeno grande engano: a Igreja que o ordenou sacerdote não é uma igreja pentecostal: é cristã: o nosso acento é o Cristo. Está no catecismo que, ou ele esqueceu, ou não leu, ou do qual pulou esta parte.

De pequenos em pequenos erros, de pequenas em pequenas imprecisões nós, pregadores da fé, acabamos descarregando na mente dos que nos ouvem centenas de frases erradas e doutrinas imprecisas. A palavra certa é graça de Deus e fruto de atenção constante. O pregador que disse que, quando pecamos enfiamos mais um espinho na cabeça de Jesus e que Jesus sangra lá no céu, deveria repensar o que disse. Sua afirmação nega o conceito de céu, conceito de todos os cristãos. No céu não se sangra nem se sofre. A bênção, centenas de vezes repetida, que deseja que Deus toque o coração do fiel como tocou o coração do filho pródigo, comete um leve esquecimento: não houve um filho pródigo. Trata-se de um personagem criado por Jesus para uma parábola. Falta ao pregador introduzir uma simples expressão: à exemplo da parábola do filho pródigo... Também não existiram o pobre Lázaro e o rico Epulão. Mas não são poucos os pregadores que contam a história como se tivesse acontecido em Israel no tempo de Jesus...


Tenho visto isso com freqüência na mídia e nos estádios. O pregador não mede as palavras e ensina como verdade o que não é. Não daquele jeito! Cito algumas preciosidades que gravei:

“1- O Espírito Santo é servo do Pai e do Filho, enviado para nos tornar missionários do Filho e do Pai. 2- Pelo seu nascimento Maria nos trouxe o redentor do mundo 3- Oremos para que Deus possa nos abençoar nesta hora... 4- Quero amar somente a ti, Senhor 5- Você pode comungar Maria na eucaristia porque ela e Jesus têm o mesmo DNA. 6- Se Maria não fosse virgem, Deus certamente não a teria escolhido para ser mãe do Messias... 7- O demônio está no ar que respiramos ou atrás de uma porta esperando para nos tentar. Por isso todos os dias precisamos invocar São Miguel para que venha nos defender. 8- Quem não ora em línguas não cresce na fé... 9- Torne-se pentecostal e receba o Espírito Santo, porque não basta ser batizado em Cristo, tem que ser também no Espírito Santo senão o nosso batismo só funciona pela metade. 10- É o demônio da dengue que comanda os mosquitos da dengue”...

Estas frases, mal explicadas geram conceitos errados ou errôneos que, com o passar do tempo, torna-se impossível corrigir. Às vezes quem pregou isso já deixou o ministério ou já mudou de igreja, mas o fiel continua a crer do jeito que aprendeu naquele retiro e cantou naquela canção.

Uma senhora em São Paulo, que teimava em não receber a eucaristia nas mãos e, sim, na língua, mesmo em tempo de ameaça de epidemia por meningite, argumentou, naqueles dias que um pregador dissera no rádio que só o sacerdote é digno de tocar Jesus com as mãos. Além disso, Jesus não transmite doenças. A Eucaristia jamais contaminou alguém... Palavra errada que prosseguiu errada e, se o celebrante não tivesse reagido, traria risco para a comunidade. Que ela fosse comungar na capelinha do padre que a instruíra.

***

Quando pregamos para milhares ou milhões de olhos e ouvidos, corremos o risco de numa expressão grandiloqüente criar algum grave incidente na vida paroquial. “Nada, nem ninguém tem o direito de convencer você a receber a eucaristia nas mãos”, dissera o pregador. Passou por cima do papa, dos bispos e do direito à saúde e à vida.

Palavra certa do jeito certo e na hora certa; cantiga certa do jeito certo e na hora certa. Se cremos em Deus, oremos pela graça de entender que Deus inspira, mas exige que estudemos, aprendamos e nos deixemos corrigir. Ou cremos que os irmãos têm esse direito, ou estamos pregando errado numa Igreja da qual já nos separamos há muito tempo. Quem não aceita ser orientado não entendeu o seu chamado!



OS ROCKEIROS E JESUS

Eu componho músicas sobre Jesus. Não reúno milhões em praças como os super-astros do pop e do rock, mas creio ter alguma responsabilidade para com os que, como eu, cantam sobre Jesus e para ele.

Os rockeiros adoram bater em Jesus ou nos dogmas sobre ele. Tim Rice e Andrew Lloyd Webber, em Jesus Christ Superstar mostraram um Jesus fraco e hesitante, apaixonado por Madalena. Madona, a diva do Pop, encenou cenas eróticas sugerindo-se possuída pelo e ao mesmo tempo sedutora do sobrenatural, além de mostrar-se malcriada para com João Paulo II. Bateu de frente com os católicos. John Lennon se proclamou mais popular e famoso do que Jesus, sem esquecer sua canção “Imagine” que sonhava um mundo melhor sem religião. Agora, outro super-astro da musica pop Elton John afirma que o compassivo s sensível Jesus era gay. E para ser compassivo é preciso ser homossexual? Desde quando?

Na verdade os rockeiros que, às vezes, cantam canções iradas e mordazes contra a sociedade, gostam de navegar na polêmica. Parece ser uma das características do rock. É som e mensagem para provocar. Trajes, nudez, frases ambíguas, frases pesadas, em alguns casos até os nomes, que sugerem pacto com o diabo e com a polêmica, mas na verdade são apenas artifícios para chamar a atenção para o seu gênero de música. São bons de marketing.

De certa forma mudaram o seu tempo não tanto pela política, mas tiveram sua parte na atitude libertária e anárquica de milhares, senão milhões de jovens. Já escrevi artigos sobre o lado positivo dessa cultura. Deu voz aos jovens de quem muito se falava, mas que pouco falavam. Seus gritos fortíssimos e suas guitarras ululantes e muito bem tocadas lhes deram voz. O mundo os ouviu. Se concordamos ou não com isso é outra história, mas não apenas Woodstock; centenas de outros eventos disseram ao mundo que há culturas jovens e que eles podem e devem falar. Muitos rockeiros de ontem são hoje cidadãos criativos que entenderam que sua fase de deboche e oposição passou. Gostam do rock, mas não do que ele na época representou. Não repetiriam aquelas cenas e aquelas noites de bebida e droga que, para alguns, era símbolo da cultura pop ou rock. A droga e a promiscuidade não precisavam ser sinônimo do rock. Mas levou milhares deles. Havia e há rockeiros muito bem resolvidos. É bom ouvi-los hoje para ver quem ficou marcando passo no infantilismo de eternos Peter Pans e quem evoluiu exatamente porque aprendeu a dizer o que pensa. Há um rock de fantoche, daquele que imita e há rock daquele que emite e sabe muito bem o que está dizendo e porque o diz.

Ficou e ficará enquanto o rock for rock, a rebeldia e a provocação. Elton John, por exemplo, provocador nato, voltou a aparecer e a justificar sua opção de homossexual, afirmando sem prova alguma que Jesus era como ele. O cantor não está nem um pouco preocupado em provar o que disse. Chegou aonde queria, à mídia. O mundo inteiro tornou a falar dele porque ousou mais uma vez atingir o Mestre máximo de mais de 2 bilhões de pessoas. Quer mais marketing do que isso?

Dizer o quê? Responder o quê ao moço que adora nadar nas águas da polêmica? Fez o mesmo que Madona e John Lennon. Mirou em Jesus como o quase assassino do papa mirou em João Paulo II. Não matou, mas causou-lhe danos irreparáveis. Sua afirmação pode causar algum dano em algumas cabeças, mas não em Jesus.

É bem mais fácil alguém trazer Jesus para o seu lado do que ir para o lado de Jesus. O lado de Jesus é bem menos divertido e midiático. Mais uma vez alguém picha a imagem do Cristo. Mais uma vez os jornais publicam sua pichação. Outra vez publicarão matérias sobre o tema. Um certo tipo de mídia ficará satisfeita porque o tema dá manchete. Outros vão ignorar. Lojas venderão mais obras do cantor e os crentes serenos entenderão mais uma vez que crer em Jesus exige serenidade e paciência e diálogo até com quem quer apenas debochar.

Mas uma triste verdade volta á tona. Não a de que Jesus era gay porque isso cheira à calúnia. A verdade é que não apenas Elton John criou um Jesus que viveu como ele vive: milhões de crentes fazem o mesmo. Ao invés de vivermos como Jesus viveu, damos um jeito de provar que Jesus viveu ou viveria como nós vivemos. E aí repousa o triste X da questão! O Cristo retocado por crentes, por ateus ou militantes políticos! Enfim, um Jesus que agiu e agiria como nós... Não confere, mas repercute!...



PREGUIÇA ESPIRITUAL

Negar-se a anunciar Jesus é grave, mas anunciá-lo apressada e superficialmente também é. Sair por aí anunciando que Jesus nos soprou aos ouvidos e, por meio de nós manda mais um recado ao mundo é como aceitar operar um paciente do coração sem ter estudado medicina.

Dar a Deus o coração e negar-se a lhe dar o cérebro é tão grave quanto acelerar o carro e, ao mesmo tempo, pisar no freio. O motor funde ou a fé rodopia. Por isso, cristãos que sabem ler, mas por não gostarem de livros, não fazem o menor esforço por aprender mais do que já sabem, e assim mesmo sobem aos púlpitos e banquinhos de igrejas e salões, garantindo que Deus quer isto mais isto mais aquilo, estão blefando. Eles não sabem tanto quando dizem saber e não são tão inspirados quanto dizem ser.

Um autor, Richard Dawkins, ateu militante e combativo escreveu Deus, um Delírio; A Grande História da Evolução; O Maior Espetáculo da Terra: as evidências da Evolução; O relojoeiro cego, a Evolução Contra o desígnio Divino, fez o mesmo que outro autor que na mesma estante anunciava: Deus quer que você Enriqueça. Paul Zane Pilzer. Centenas de livros provam que Deus existe e centenas de outros negam sua existência. Há os que negam que Deus possa ter dito ou feito o que quer que seja e os que garantem que Deus disse o que Deus nunca diria.

Esforçados ateus ou agnósticos recheiam hoje nossas estantes tentando provar que Deus é um delírio da humanidade. Esforçados crentes tentam provar que Deus é uma realidade. Outros garantem que Deus falou com eles e lhes deu mais um recado. E não faltam livros a dizer que todos os dias a mãe de Jesus dá um recado a determinado vidente. Há quem creia e há quem duvide.

Os livros a favor e contra a religião provocam quem os lê a tomar posição a partir de uma longa e comparada reflexão. É melhor ter um mapa com inúmeras estradas do que arriscar a viagem apenas no palpite ou na certeza de quem nos disse que foi revelado sem mapa e sem livro!

Certeza de que Deus não existe é quase igual á certeza de que ele existe. Quando não há a menor dúvida é porque não houve suficiente reflexão. Vale o que disseram os discípulos:- “Cremos, mas aumenta nossa fé!” (Lc 17,5) Tinham concluído que Jesus estava acima do seu raciocínio. Mas, ao menos, raciocinaram! Crer sem raciocinar é mergulhar de ponta cabeça sem medir a profundidade das águas...



VICIADOS EM CÂMERAS E MICROFONES

Conto uma história omitindo lugares e nomes, mas verídica, que poderia também acontecer entre nós. Fala do poder da mídia na vida e na mente do pregador, mais do que do poder do pregador na mídia onde atua.

Nos anos 70, no Middle-East americano, um pregador católico, sacerdote jovem de vastos recursos notabilizou-se por seus programas de rádio que chegavam a milhões de lares. Num conflito entre ele que tinha dons e talentos e sua ordem que se opunha à sua presença no rádio além das fronteiras da diocese, vencera ele. Deixou a ordem e instalou-se numa diocese que o aceitou.

Naqueles dias, como hoje, seu argumento parecia imbatível. O Vaticano II recém terminara e estava lá, claro como a luz do sol, o postulado de ir à mídia. O “Inter Mirifica” ainda repercutia nos seminários e paróquias. Lugar de padre era evangelizando a multidão e não confinado a espaços fechados. A oferta feita a ele era irresistível. Atingiria cerca de 40 milhões de pessoas com sua versatilidade no rádio, que nos Estados Unidos tinham grande alcance, muito mais do que a televisão, ainda incipiente. Ele realmente encantava e ensinava. Errado estaria se não aceitasse! Errados estariam os superiores que lhe negassem esse direito!

Então por que seus superiores, que também tinham doutorados teriam proibido o brilhante padre de falar a milhões de pessoas? Eles nunca deram entrevistas. Perderam o colega e calaram-se. Agora, o assunto era com o bispo que o acolhera. Por três anos o programa ia de vento em popa, cada vez mais encantador. Um dia, sem mais nem menos, o padre decidiu romper o contrato e ir embora. Não queria mais atuar no programa. Não houve jeito de segurá-lo, como na ordem não tinha havido jeito de mantê-lo. Concluído o contrato, ele não assinou por nem um dia a mais. Marcaram o último programa, no ar.

Com tristeza ele se despediu, ao vivo. Mas ali estava a verdade sobre o ambicioso pregador. Na emissora que o acolhera e lhe dera a grande chance, outra vez sem anuência dos donos da emissora, numa evidente quebra de ética, ele chamou os ouvintes para se tornarem agora, ouvintes e espectadores da rede concorrente. Em poucos dias ele começaria um programa por rádio e televisão em cadeia regional. Recebera oferta melhor. Teria muito mais audiência... O bispo que não sabia de suas manobras, desautorizou-o. Ele já procurara outra diocese mais perto do lugar da sua nova presença e o bispo de lá não o aceitara como sacerdote. Não lhe daria ministérios, até que falasse com o bispo anterior. Ele nada dissera, nada assinara.

Mudou-se, começou o programa e, seis meses depois, estava fora do rádio e da televisão. Motivo, não atuando mais como sacerdote, sua presença não interessava mais à mídia contratante. O contrato fora por período de seis meses. Ficou sem público e sem espaço. Quis voltar à diocese e não foi aceito. Quis voltar ao mosteiro e não foi aceito. Motivo: era de fazer o que queria. Personalista demais, o que não lhe servia, ele não fazia. Achou uma diocese que exigiu, por escrito, que ele, por cinco anos não atuaria nem no rádio, nem na televisão. Aceitou ir a um psicólogo. Este disse que se tratava de uma dependência tão forte quanto a de tóxicos. Sua auto-exposição era uma forma de enfermidade. Se ele demonstrasse capacidade de controlar este impulso de evidência talvez pudesse voltar a atuar. Agora o microfone era mais forte do que ele.

Voltou, aprendeu e nunca mais insistiu. Dava aulas num grande colégio e numa faculdade, mostrou-se exímio professor de sociologia e filosofia. Refez a amizade com os monges e com a diocese anterior, pediu desculpas por ter teimado em fazer tudo sozinho e morreu recentemente, sereno e admirado pelos fiéis. Aos amigos ele dizia em tom de brincadeira, que nunca bebera, nunca fumara, mas tinha tido o vício da microfonite aguda. Fizera qualquer coisa para ter um microfone nas mãos, uma câmera à frente e holofotes em cima.

Hoje quando os especialistas falam em web-dependência, ou seja do vício da Internet é mais fácil compreender o vício da auto-exposição na mídia. Poucos admitem que foram afetados por ele. É uma das ansiedades do nosso tempo que também atingem os pregadores da fé. Quem for chamado, pondere sua resposta. É mais fácil ser dominado pela mídia do que dominá-la. Se tiver que ser infiel para atingir seus objetivos repense aquela oferta!



O PÚLPITO AMIGO

Eram colegas de seminário. Amigos de um dizer ao outro o que achava correto. Foi assim por mais de quinze anos. Tornaram-se sacerdotes com diferença de dez meses. Nunca trabalharam na mesma cidade. Viam-se de vez em quando.

Um dia, começaram a chegar ao ouvidos do padre X alguns fatos negativos sobre o Padre Y. Procurou-o para saber qual a verdade. Padre Y negou peremptoriamente. Era inocente daquelas acusações. Padre X apostou nele.

Um dia, viu e ouviu pessoalmente. Era verdade. Padre Y destratava o povo, vivia uma vida de luxo, mancomunara-se aos ricos, falava, pensava e buscava dinheiro de maneira ostensiva. Outra vez procurou o amigo e disse o que pensava. A resposta foi fria e dura:- “Cuide de você mesmo que também tem seus pecados. Também sei dos seus podres. Quando eu precisar de conselhos, pedirei”.

Triste com a reação do colega, Padre X ainda assim tentou quatro a cinco vezes chamá-lo ao bom senso. Não deu certo. Dois anos depois o colega acabou deixando o ministério, uniu-se a uma divorciada e foi viver numa outra cidade, bem de vida e mal de paz.

Um dia encontraram-se num restaurante. Padre X cumprimentou-o. O ex colega e ex padre Y acenou a contragosto. Nenhuma palavra. A amizade azedara de vez. O bispo soube do acontecido. Perguntou ao seu sacerdote se ele se sentiria melhor omitindo-se.

Não! Não sentiria! Amigos devem falar. Só é bom amigo quem arrisca a perder uma amizade, mas vai lá e fala. Hoje, formador de sacerdotes ele mantém a mesma postura. Se tiver que falar, fala. Se o aluno se incomodar, ao menos ouviu o que deveria ter ouvido.


Pe. ZEZINHO scj

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terça-feira, 2 de março de 2010

2010: Ano de ouro da Paulinas COMEP

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Uma celebração na Basílica de Aparecida, 6 de março, às 9h, marca o início das comemorações dos 50 anos da Gravadora Paulinas-COMEP, cuja trajetória se confunde com a própria história da música popular no Brasil e na América Latina. Padre Zezinho, scj, um ícone da música católica e parceiro da gravadora desde o início, tem presença confirmada, ao lado de irmãs e profissionais da música que ajudaram a escrever a saga de COMEP. A equipe da Paulinas-COMEP garante um ano cheio de atividades e lançamentos. Entre as comemorações, está previsto um mega-show com os artistas da casa para o último trimestre do ano.

Primeiro artista da Paulinas-Comep e pioneiro em música-mensagem no País, Pe. Zezinho, scj, entrou 2010 embalado nos preparativos das comemorações. Com mais de 3,5 milhões de discos vendidos, prevê lançar no mínimo até dezembro dois CDs falados e uma coletânea. No ano passado, foram dois álbuns novos (Ao país dos meus sonhos e o infantil celebrativo Coisas que já sei).

Em 50 anos de atividade, porém, Paulinas-COMEP revelou dezenas de compositores e intérpretes. Na última década foi apresentada ao mercado fonográfico uma série de jovens talentos e grupos que vem conquistando espaço no meio musical. Entre eles estão Italo Villar, padre Fábio de Melo, Cantores de Deus, Mariani, Fábio Augusto, Grupo Ir ao povo, Ministério Adoração e Vida, Grupo Typ Vox e os DJs do ElectroCristo, além de contribuir para consolidar a carreira de compositores, grupos e intérpretes como Ziza Fernandes, Adriana e Missão Louvor e Glória.

Disposta a renovar o repertório de estilos e conquistar cada vez mais a preferência também do público jovem, Paulinas-COMEP vem buscando bandas e nomes desconhecidos do grande público que apresentam propostas inovadoras no anúncio do Evangelho por meio da música. Assim, a gravadora abriu as portas ao pop rock, lançando, no início de 2007, a banda Via 33, natural do ABC paulista. No final de 2009, a banda apresentou toda a sua evolução com seu novo álbum Voz do meu silêncio, com um som mais elaborado e direção musical de Paulo Anhaia. Agora, em 2010, a gravadora se prepara para consolidar o estilo, desta vez com o som de Ceremonya, banda conhecida pela batida pesada do rock, que estreou no mercado em 2008 com selo independente.

Além das diversas produções na linha da música mensagem, Paulinas-COMEP sempre se preocupou com a formação catequética e litúrgica do povo, oferecendo canções como subsídios para as diversas pastorais e momentos celebrativos da Igreja. Paulinas-COMEP tem investido, ainda, em opções para os adeptos da música popular instrumental, como o grupo gaúcho Jazz 6, do qual faz parte o escritor Luis Fernando Veríssimo, e destinado espaço para profissionais da música clássica instrumental brasileira. Em seu mix, figuram nomes como Theo de Barros, Bruno Moritz, Eudóxia de Barros, Roney Marczak e Toninho e Maria José Carrasqueira.

Tudo isso consolida Paulinas-COMEP como uma gravadora que tem ido muito além da música religiosa e sacra, do canto gregoriano, das canções mensagens e para meditação... São mais de 550 títulos em seu catálogo para atender a diferentes gêneros. Vale lembrar que a gravadora nasceu como Edições Paulinas Discos em março de 1960 em um mini-estúdio na residência das irmãs Paulinas em Curitiba. No início de 1964, o estúdio foi transferido para São Paulo e, em 1984, adotou o selo Paulinas-COMEP. Hoje, a gravadora e editora musical possui um dos mais modernos e sofisticados estúdios de gravação na capital.



Sala de Imprensa
Paulinas-COMEP
Léo Guimarães, Roberta Molina e Taís González

www.paulinas.org.br/imprensa

divulgacao@paulinas.com.br


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