terça-feira, 23 de outubro de 2012

Novo Livro do Pe. Zezinho: "Ser Um Entre Bilhões"




Mesmo com todos os acontecimentos dos últimos dias, em que Pe. Zezinho sofreu um AVC e se recupera bem, as Edições Paulinas lançaram esta semana o novo livro de autoria dele: "Ser Um entre bilhões".




Nesta obra, Pe. Zezinho desmistifica a importância do primeiro lugar, por isso sugere a alter-ajuda. O ser humano é chamado não apenas a ajudar a si mesmo, autoajuda, mas a ajudar ao outro, alter-ajuda, sair de si para cuidar do outro. O tema alter-ajuda sai do lugar comum que já tomou os vários livros de autoajuda. O autor faz um convite a sairmos de nós mesmos em diversas situações do dia a dia, deixando assim um "espaço" para o outro. É um convite à prudência e à percepção do outro. Não precisamos esmagar ninguém para conquistarmos o nosso lugar, mas somos chamados a viver em sociedade, respeitando a dignidade de cada um e buscando dar espaço a quem não tem. Para isso é necessário ascese e viver a mística da alteridade. Ao tratar sobre o tema da exposição na mídia, o autor afirma: "Sem negar os valores da constante atualização da pregação, o livro questiona simbolicamente o volume dos alto-falantes dos templos, as cornetas que obrigam toda a rua a ouvir o novo pregador, os holofotes que enchem de luz o pregador que nem por isso se mostra mais iluminado. O livro alterna-se entre o aplauso e o questionamento. Ao púlpito sobe-se e dele se desce, refletindo. Pregar, mais do que projeto pessoal, é graça de Deus e convite da Igreja". Os outros temas abordados, você descobrirá ao ler as páginas deste livro.   




Aqui vai uma canja do livro. Um pequeno trecho publicado no site oficial:

O Peso do ser eu mesmo

Posso ser pequeno e quase insignificante, mas não sou insignificante. Tenho meu peso. Eu significo, até mesmo quando não pareço pesar. E sou tanto mais significante quando mais aumento minha capacidade de resposta. Todo grão de areia tem seu peso. Eu, que sou um entre bilhões de humanos tenho o meu peso, você tem o seu, cada um de nós tem seu pondus. Por isso quando respondo e pondero, mostro meu peso. Quando uso de minha capacidade de ponderar e respondo começo a fazer a diferença. Deixo de ser número para ser agente de transformação.
Comparado ao peso da Terra, o grão de areia não é muito, mas ele é ponderável, pode ser pesado e junto a outros grãos pode mudar o fiel da balança. Até o Criador, ao nos criar, dotou-nos da capacidade de ponderar, responder, dizer sim ou dizer não. Não flutuamos no existir. Não somos seres etéreos. Temos nosso peso no chão em que pisamos, chão do qual fazemos parte.
Por isso, educar é ensinar a ponderar, a ter consciência do nosso peso, a suportar os nossos pesos, a responder e a corresponder. Família, escola, igrejas que não ensinam a ponderar falham na missão. Quem cria filhos, alunos ou crentes instintivos que deixam para os outros, principalmente para Deus a tarefa de ponderar, cria tiranos, fanáticos ou dependentes. Por isso diz Lucas que Maria ponderava… Elaborava o que via e guardava no coração. Era mulher de peso. Respondeu. Guardou a Palavra e a pôs em prática. Não é sem razão que os católicos acentuam o “sim” de Maria. Jesus a elogiou por isso. Não foi por seus seios e por seu ventre. Foi por sua ponderação e capacidade de responder. Ela sabia do seu peso e do seu lugar na História do Cristo. É o que se lê no Canto de Maria.
Mas Maria guardava todas estas coisas, ponderando-as em seu coração. (Lucas 2,19)
E aconteceu que, dizendo ele estas coisas, uma mulher dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste. Mas ele disse: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam. ( Lc 11,27-28)
Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. (Mateus 7, 24-25)

Eis aqui a serva do Senhor. Aconteça em mim o que diz a tua mensagem. ( cf Lc 1,38)
Maria é modelo para um católico que se sente um entre bilhões. O canto a ela atribuído, ainda que seja no seu todo muito semelhante ao de Ana de Elcana, mãe de Samuel, o canto mostra como a mãe de Jesus exerceu a auto- estima, sem cair em estima excessiva de si.
46 Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,
47 E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador;
48 Porque atentou para a pequenez de sua serva; pois eis que de agora em diante todas as gerações me chamarão bem-aventurada,
49 Porque em mim fez grandes coisas o Poderoso; Seu nome é santo.
50 E a sua misericórdia é de geração em geração Sobre os que o temem.
51 Com o seu braço agiu fortemente; dispersou os soberbos e desmascarou-os mostrando o que eles pensam.
52 Depôs os poderosos dos tronos e elevou os humildes.
53 Encheu de bens os que tinham fome, e despediu os ricos de mãos vazias.
54 Auxiliou a Israel seu servo, Recordando-se da sua misericórdia;
55 Como falou a nossos pais, Para com Abraão e a sua posteridade, para sempre.
56 E Maria ficou com ela quase três meses, e depois voltou para sua casa. ( Lc 1,46-56)
Maria comunicou-se, entendeu o peso que lhe punham nos ombros e correspondeu.
 

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domingo, 7 de outubro de 2012

Visita ao Pe. Zezinho! - Por Irmã Míria Kolling




É meio-dia deste 5 de outubro de 2012, sexta-feira. Eu, já sentada no ônibus da Pássaro Marrom, que me leva de volta a São Paulo, após a visita feita ao Pe. Zezinho, nesta manhã, procuro registrar nosso feliz encontro, para partilhar com os amigos. Não caibo em mim de alegria, por vê-lo feliz, bem disposto e cheio de esperança. Ele repousa “no seu costumeiro quarto”, junto ao Hospital Antoninho Marmo, das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada, em São José dos Campos, muito bem cuidado pela sobrinha Débora e Irmã Mirian, acompanhado pela fonoaudióloga e alguns médicos. Estava mesmo fazendo exercícios com a fonoaudióloga, quando lá cheguei (hora marcada, às 10h30min). Ele me recebeu alegre, com um sorriso aberto: “Chegou ela!” Perguntaram-lhe: ela quem? Quem é essa?... Prontamente respondeu: “Essa é a Irmã Miria”. Lembrou meu nome, o que é excelente sinal de melhora. Fiquei ainda mais feliz por vê-lo se recuperando, melhor do que eu esperava, louvado seja Deus! De Notbook nas mãos, treina e pronuncia as palavras, escreve e prepara seu novo livro “O púlpito que dói.” De que trata? – pergunto-lhe. Ao que responde: É sobre as reflexões homiléticas dos nossos padres, que devem tratar da Palavra de Deus, do Evangelho, sem se distanciar...” Contou-me com detalhes como tudo aconteceu naquela quarta-feira de 19 de setembro, quando voltou de viagem cansado, mas ainda foi trabalhar e preparar uma entrevista. O que lhe agravou o problema é a diabetes, que exige cuidado e disciplina, coisas que aliás não lhe faltam. Grato a Deus e consolado, dizia: “ A isquemia afetou apenas o meu lado esquerdo do cérebro, o das palavras e da memória. O direito, que é o da arte, da criatividade e da música, está perfeito.” Comparando sua situação de hoje com os dez primeiros dias, quando não lembrava mais de nada, ele se percebe ótimo, melhorando gradativamente... Um processo longo, recuperação lenta, mas acontecendo de modo muito satisfatório, graças ao seu otimismo, disciplina, hábitos saudáveis, notávelpaciência e incondicional colaboração. Percebe-se sensível melhora a cada dia! Por enquanto, até o final do ano, não poderá assumir shows, mas ficar longe, em repouso... Serão talvez ainda uns 2 meses de tratamento intenso, para recuperar a fala e a memória. Às vezes as palavras demoram a ser lembradas ou lhe fogem; está reaprendendo a dizero nome das coisas, das pessoas, ora lembradas, ora esquecidas. “Aprender é comigo mesmo”, completa Pe. Zezinho, em sua humildade e simplicidade, sabedoria e confiança em Deus! Quando lhe falei dos lugares por onde andei nessas duas últimas semanas, sobretudo Mozarlândia, no interior de Goiás, e Juazeiro do Norte, no Ceará, e de quanto o povo reza e pergunta por ele; de que o visitava em nome de todos os que lhe querem bem e cantam suas músicas, ele agradeceu sorrindo: “Sou grato a todos, pela amizade e pelas orações. Preciso, eu mesmo, reencontrar as palavras e despertar a memória que me fugiu. Mas se Deus quiser, com tantas preces, chegarei lá... Já estou melhorando bem.” Ajudou-me a cantar “Deus é bom”, CD que lhe levei de presente. A foto que tiramos juntos foi com sua permissão: ele mesmo escolheu o melhor lugar, no jardim. Também registrei a presença de Irmã Mirian e a sobrinha Débora, que o acompanham de perto e cuidam de tudo com carinho. 


 Posso dizer que meu coração exultou de alegria ao vê-lo com brilho nos olhos e sorriso nos lábios, abrindo os braços para me acolher. No abraço que nos demos, eu tive presente cada amigo, todos os que lhe querem bem e rezam cantando suas canções, e que gostariam também de estar com ele naqueles privilegiados momentos. Partilho com vocês, povo de Deus, amigos nossos, do canto e da música, este encontro abençoado, para que também se alegrem, continuem rezando e confiando a Deus nosso cantor e poeta maior! 


Irmã Miria T. Kolling

São Paulo, 5 de outubro de 2012.

sábado, 6 de outubro de 2012

Minha visita ao Pe. Zezinho



 Joãozinho, scj fala em seu blog, da visita que fez ao Pe. Zezinho após o AVC. 

Minha visita ao Pe. Zezinho, scj 

Muitas pessoas me perguntam como está a saúde de Pe. Zezinho, scj, que na semana passada sofreu um AVC isquêmico provocado pela diabetes. Hoje tive a oportunidade de visitá-lo. Encontrei-o forte e bem disposto. Seu ânimo está ótimo, apesar de conviver com alguns limites que ficaram do acidente vascular que sofreu. Naturalmente isso exige que ele permaneça sob atenta supervisão médica. As visitas estão restritas para que ele tenha condições de repousar e seu organismo encontre os caminhos naturais para compensar as habilidades que ficaram comprometidas. E quais seriam exatamente estes limites? O AVC não atingiu nenhuma função motora. Pe. Zezinho se movimenta e alimenta normalmente. 

Porém, não poderá dirigir por algum tempo e deverá, por prudência, andar acompanhado. Imagine que ele percebeu que algo estava acontecendo quando dirigia pelas ruas de São Paulo. Um confrade ao perceber isso o levou imediatamente para os médicos que o acompanham há anos, em São José dos Campos. Pe. Zezinho permanece com sua habilidade e incrível criatividade musical inalterada. Está compondo belas melodias. Mostrou-me uma delas assoviando. Gravei. Sua maior dificuldade é pronunciar algumas palavras e articular as frases com a habilidade que conhecemos deste que é reconhecidamente um dos maiores comunicadores da Igreja Católica. Tem progredido na superação deste limite. Mas só o tempo poderá dizer a velocidade da recuperação. Sua leitura é lenta, mas compreende exatamente o que lê. 

Fala com coerência de ideias mas não é capaz de cantar de memória nenhuma de suas canções. Difícil imaginar que algum católico não cante decor “Maria de Nazaré”. Pois o autor da canção neste momento não tem condições de fazer isso. Outro limite bastante curioso é que ele lembra de todas as pessoas e sabe exatamente quem são e o que fazem, mas não é capaz de lembrar seus nomes. Durante todo o tempo em que estive com ele não pronunciou meu nome. Aos poucos este lapso de memória parece estar sendo superado. Perguntei se ele está tendo novas e geniais ideias, dessas que diariamente partilha comigo e com outros confrades. Ele me falou de uns cinco projetos novos e de coisas que pensou nos últimos dias. Mas não consegue digitar nada disso em seu computador. Mais um limite. Ele mesmo interpreta este momento como sua participação na cruz de Cristo. 

Fiquei edificado pela coragem e determinação como que ele enfrenta tudo isso. Em nenhum momento manifestou tristeza ou lamento. Seu horizonte continua sendo a esperança. Foi ferido em um ponto do tamanho da cabeça de um alfinete em seu cébrebro, mas seu coração continua do tamanho do mundo, como sempre. Ao final da visita fiz um teste. Estou devendo vários capítulos de um livro que estamos escrevendo juntos. A parte dele está pronta. Perguntei se eu estava devendo alguma coisa. Ele respondeu de supetão: “Vê se escreve logo os capítulos que você prometeu que os meus estão prontos”. Esqueceu os nomes, mas lembra muito bem das dívidas! 

Por Pe. Joãozinho, scj