quarta-feira, 3 de março de 2010

Artigos - 02 de Março

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PADRES, PASTORES E IMAGENS

Tenho dito a alguns dos meus amigos evangélicos, os que aceitam dialogar sobre o tema, que já chegou a hora de eles reverem os seus rígidos conceitos contra o uso de imagens, uma vez que pastores evangélicos e pentecostais aderiram em cheio ao uso de suas próprias imagens pela televisão e em cartazes, revistas e outdoors.

A caminho de Jaboatão, em Pernambuco, há uma imagem de um pastor á frente da Igreja; em Taubaté, no que ontem era um supermercado e hoje é igreja há um grande cartaz do sorridente missionário R. Soares anunciando os cultos de sua Igreja. A presença de pregadores evangélicos na televisão acaba se tornando uma imagem permanente na casa dos seus fiéis. Que diferença faz entre ser uma imagem que se move e uma de gesso ou de pedra, se ambas representam uma pessoa que está noutro lugar? Há santos vivos ainda na terra e santos vivos já no céu. Usar imagens de uns e de outros é um jeito de fazer o fiel saber que têm quem os leve a Jesus e por eles interceda.

Como agora estes irmãos estão fotografando, imprimindo, esculpindo, colocando imagens de seus pregadores e modelos de vida à porta de suas Igrejas, entendendo que o carinho que votam ao seu santo da terra é merecido, talvez consigam entender que nós católicos também, há séculos votamos carinho a quem foi santo na terra e agora o é no céu. Não cremos que os falecidos estejam dormindo. Estão salvos e vivos pelo sangue de Cristo que os próprios evangélicos cantam que tem poder. Quanto a invocar o santo da terra, eles já invocam, ao pedir aos seus pastores que orem por eles. O pastor acata o pedido e ora ao Pai em nome de Jesus por este fiel. É intercessão de um santo da terra. Nós aceitamos as duas: a do santo da terra e a do santo do céu, porque, diferentemente deles, cremos que o céu está repleto de santos e lá existem muitas vagas à nossa espera.

Para nós, quem morre na graça do Cristo não vai para o sheol do esquecimento, nem para o sono sem prazo; vai para o céu.

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Este assunto de santo que ora aqui na terra e santo que ora lá no céu é delicado . Segundo muitos irmãos de outras igrejas, os seus santos ainda dormem á espera do dia do juízo. Embora digam que o sangue de Jesus tem poder dizem que os que morreram em Cristo ainda estão à espera do último dia. Garantem que não há santo no céu e que eles não podem interceder por nós porque dormem. Então oram aos seus santos vivos que falam e pedem por eles na televisão e nos templos.

Os nossos santos, a nosso ver, estão vivos e salvos por Jesus e intercedendo por nós ao Pai em nome de Jesus. Não temos a mesma visão de santidade e de morte. Pode-se achar argumentos em favor deles e a nosso favor na mesma Bíblia. O que sabemos é que Deus é misericordioso e que Jesus disse que iria preparar-nos um lugar. Não levará milhões de anos até que um cristão entre no céu, depois da morte.

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O assunto adorar a Deus e venerar os santos que Jesus salvou é outro assunto delicado a separar católicos e evangélicos ou pentecostais. Não adoramos imagens, tanto quanto eles não adoram as imagens dos seus pastores que falam na televisão e que, ultimamente, andam colocando à porta dos seus templos. Pedimos orações dos nossos santos já salvos no céu e também dos nossos santos ainda vivos na terra. Eles pedem a dos seus santos vivos na terra e não pedem as preces dos irmãos que já morreram. Nossa noção de Último Dia é diferente. Se ostentam imagens dos seus pregadores e santos daqui, então deve ser porque os amam muito e aquela imagem os faz pensar no Jesus que eles anunciam. Nós fazemos isso com os nossos santos.

Nem nós os acusaremos de adorar imagens de pastores nem eles nos devem acusar de adorar os nossos santos. Nem eles nem nós somos idólatras. Quanto ao fato de colocar as imagens de nossos santos no altar ao lado do sacrário, onde cremos que está Jesus, não é para adorá-los. É para dizer que não há melhor lugar para colocar uma imagem de quem viveu com o Cristo.

Eles usam as imagens de seus santos vivos de televisão para pensar em Jesus e, nós, pela mesma razão, a do papa e dos nossos santos vivos. De quebra, usamos as dos santos mais antigos, já que estamos aqui por mais séculos do que eles. Daqui a muitos anos, quem sabe façam o mesmo que nós, sabendo que a memória dos santos é altamente pedagógica. Quando seus pastores, agora vivos, morrerem, talvez os lembrem com alguma foto ou imagem. Certamente não quererão esquecê-los! Se já estão pondo as suas imagens á entrada de suas Igrejas é porque eles também apostam nos seus homens santos. Não são idólatras? Nem nós!



PALAVRA CERTA DO JEITO CERTO

Já não me lembro de quantas vezes precisei corrigir frases e palavras em livros, artigos e canções porque alguém me corrigiu. Eu errara ou minhas palavras imprecisas não diziam o que eu quisera dizer.

Um grande número de pregadores mostra rebeldia e mágoa quando alguém lhes aponta erros. Não eu. Aprendi no tempo certo e na hora certa que somos todos passíveis de erro e de correção. E como! Deus me deu a graça de não ficar magoado diante de críticas e correções, mesmo quando estava mais do que claro que o erro era de quem me corrigia. Eu podia mostrar em que livro buscara aquele conteúdo. Não foram poucas as vezes em que, confrontado com outra linha de pensamento, precisei deixar o outro vencer, porque o diálogo não tinha como ir adiante.

Desde o começo, orientado por sacerdotes experientes, orei para que Deus me desse a graça de uma pregação serena e forte e de palavras certas do jeito certo, na hora certa e para a pessoa certa. Cheguei a registrar isso em canção. Eu sinceramente orava e ainda oro por esta graça, porque nossa cabeça gosta muito de dizer o que lhe vem na hora e depois atribuir isso a Deus, mas algum documento nunca citado, ou a algum teólogo de renome... Isso, para não admitir pura e simplesmente que erramos!

Um dos perigos da pregação reside nisso: palavras erradas ou insuficientes, jamais corrigidas; por conseguinte, catequese errada que nasce da nossa boca. Confiamos demais nas nossas orações e muito pouco nos livros e documentos da Igreja. Aquele sacerdote que se declarava membro de uma igreja pentecostal porque, segundo ele, é impossível ser católicos sem ser pentecostal, ao exagerar no acento, cometeu um pequeno grande engano: a Igreja que o ordenou sacerdote não é uma igreja pentecostal: é cristã: o nosso acento é o Cristo. Está no catecismo que, ou ele esqueceu, ou não leu, ou do qual pulou esta parte.

De pequenos em pequenos erros, de pequenas em pequenas imprecisões nós, pregadores da fé, acabamos descarregando na mente dos que nos ouvem centenas de frases erradas e doutrinas imprecisas. A palavra certa é graça de Deus e fruto de atenção constante. O pregador que disse que, quando pecamos enfiamos mais um espinho na cabeça de Jesus e que Jesus sangra lá no céu, deveria repensar o que disse. Sua afirmação nega o conceito de céu, conceito de todos os cristãos. No céu não se sangra nem se sofre. A bênção, centenas de vezes repetida, que deseja que Deus toque o coração do fiel como tocou o coração do filho pródigo, comete um leve esquecimento: não houve um filho pródigo. Trata-se de um personagem criado por Jesus para uma parábola. Falta ao pregador introduzir uma simples expressão: à exemplo da parábola do filho pródigo... Também não existiram o pobre Lázaro e o rico Epulão. Mas não são poucos os pregadores que contam a história como se tivesse acontecido em Israel no tempo de Jesus...


Tenho visto isso com freqüência na mídia e nos estádios. O pregador não mede as palavras e ensina como verdade o que não é. Não daquele jeito! Cito algumas preciosidades que gravei:

“1- O Espírito Santo é servo do Pai e do Filho, enviado para nos tornar missionários do Filho e do Pai. 2- Pelo seu nascimento Maria nos trouxe o redentor do mundo 3- Oremos para que Deus possa nos abençoar nesta hora... 4- Quero amar somente a ti, Senhor 5- Você pode comungar Maria na eucaristia porque ela e Jesus têm o mesmo DNA. 6- Se Maria não fosse virgem, Deus certamente não a teria escolhido para ser mãe do Messias... 7- O demônio está no ar que respiramos ou atrás de uma porta esperando para nos tentar. Por isso todos os dias precisamos invocar São Miguel para que venha nos defender. 8- Quem não ora em línguas não cresce na fé... 9- Torne-se pentecostal e receba o Espírito Santo, porque não basta ser batizado em Cristo, tem que ser também no Espírito Santo senão o nosso batismo só funciona pela metade. 10- É o demônio da dengue que comanda os mosquitos da dengue”...

Estas frases, mal explicadas geram conceitos errados ou errôneos que, com o passar do tempo, torna-se impossível corrigir. Às vezes quem pregou isso já deixou o ministério ou já mudou de igreja, mas o fiel continua a crer do jeito que aprendeu naquele retiro e cantou naquela canção.

Uma senhora em São Paulo, que teimava em não receber a eucaristia nas mãos e, sim, na língua, mesmo em tempo de ameaça de epidemia por meningite, argumentou, naqueles dias que um pregador dissera no rádio que só o sacerdote é digno de tocar Jesus com as mãos. Além disso, Jesus não transmite doenças. A Eucaristia jamais contaminou alguém... Palavra errada que prosseguiu errada e, se o celebrante não tivesse reagido, traria risco para a comunidade. Que ela fosse comungar na capelinha do padre que a instruíra.

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Quando pregamos para milhares ou milhões de olhos e ouvidos, corremos o risco de numa expressão grandiloqüente criar algum grave incidente na vida paroquial. “Nada, nem ninguém tem o direito de convencer você a receber a eucaristia nas mãos”, dissera o pregador. Passou por cima do papa, dos bispos e do direito à saúde e à vida.

Palavra certa do jeito certo e na hora certa; cantiga certa do jeito certo e na hora certa. Se cremos em Deus, oremos pela graça de entender que Deus inspira, mas exige que estudemos, aprendamos e nos deixemos corrigir. Ou cremos que os irmãos têm esse direito, ou estamos pregando errado numa Igreja da qual já nos separamos há muito tempo. Quem não aceita ser orientado não entendeu o seu chamado!



OS ROCKEIROS E JESUS

Eu componho músicas sobre Jesus. Não reúno milhões em praças como os super-astros do pop e do rock, mas creio ter alguma responsabilidade para com os que, como eu, cantam sobre Jesus e para ele.

Os rockeiros adoram bater em Jesus ou nos dogmas sobre ele. Tim Rice e Andrew Lloyd Webber, em Jesus Christ Superstar mostraram um Jesus fraco e hesitante, apaixonado por Madalena. Madona, a diva do Pop, encenou cenas eróticas sugerindo-se possuída pelo e ao mesmo tempo sedutora do sobrenatural, além de mostrar-se malcriada para com João Paulo II. Bateu de frente com os católicos. John Lennon se proclamou mais popular e famoso do que Jesus, sem esquecer sua canção “Imagine” que sonhava um mundo melhor sem religião. Agora, outro super-astro da musica pop Elton John afirma que o compassivo s sensível Jesus era gay. E para ser compassivo é preciso ser homossexual? Desde quando?

Na verdade os rockeiros que, às vezes, cantam canções iradas e mordazes contra a sociedade, gostam de navegar na polêmica. Parece ser uma das características do rock. É som e mensagem para provocar. Trajes, nudez, frases ambíguas, frases pesadas, em alguns casos até os nomes, que sugerem pacto com o diabo e com a polêmica, mas na verdade são apenas artifícios para chamar a atenção para o seu gênero de música. São bons de marketing.

De certa forma mudaram o seu tempo não tanto pela política, mas tiveram sua parte na atitude libertária e anárquica de milhares, senão milhões de jovens. Já escrevi artigos sobre o lado positivo dessa cultura. Deu voz aos jovens de quem muito se falava, mas que pouco falavam. Seus gritos fortíssimos e suas guitarras ululantes e muito bem tocadas lhes deram voz. O mundo os ouviu. Se concordamos ou não com isso é outra história, mas não apenas Woodstock; centenas de outros eventos disseram ao mundo que há culturas jovens e que eles podem e devem falar. Muitos rockeiros de ontem são hoje cidadãos criativos que entenderam que sua fase de deboche e oposição passou. Gostam do rock, mas não do que ele na época representou. Não repetiriam aquelas cenas e aquelas noites de bebida e droga que, para alguns, era símbolo da cultura pop ou rock. A droga e a promiscuidade não precisavam ser sinônimo do rock. Mas levou milhares deles. Havia e há rockeiros muito bem resolvidos. É bom ouvi-los hoje para ver quem ficou marcando passo no infantilismo de eternos Peter Pans e quem evoluiu exatamente porque aprendeu a dizer o que pensa. Há um rock de fantoche, daquele que imita e há rock daquele que emite e sabe muito bem o que está dizendo e porque o diz.

Ficou e ficará enquanto o rock for rock, a rebeldia e a provocação. Elton John, por exemplo, provocador nato, voltou a aparecer e a justificar sua opção de homossexual, afirmando sem prova alguma que Jesus era como ele. O cantor não está nem um pouco preocupado em provar o que disse. Chegou aonde queria, à mídia. O mundo inteiro tornou a falar dele porque ousou mais uma vez atingir o Mestre máximo de mais de 2 bilhões de pessoas. Quer mais marketing do que isso?

Dizer o quê? Responder o quê ao moço que adora nadar nas águas da polêmica? Fez o mesmo que Madona e John Lennon. Mirou em Jesus como o quase assassino do papa mirou em João Paulo II. Não matou, mas causou-lhe danos irreparáveis. Sua afirmação pode causar algum dano em algumas cabeças, mas não em Jesus.

É bem mais fácil alguém trazer Jesus para o seu lado do que ir para o lado de Jesus. O lado de Jesus é bem menos divertido e midiático. Mais uma vez alguém picha a imagem do Cristo. Mais uma vez os jornais publicam sua pichação. Outra vez publicarão matérias sobre o tema. Um certo tipo de mídia ficará satisfeita porque o tema dá manchete. Outros vão ignorar. Lojas venderão mais obras do cantor e os crentes serenos entenderão mais uma vez que crer em Jesus exige serenidade e paciência e diálogo até com quem quer apenas debochar.

Mas uma triste verdade volta á tona. Não a de que Jesus era gay porque isso cheira à calúnia. A verdade é que não apenas Elton John criou um Jesus que viveu como ele vive: milhões de crentes fazem o mesmo. Ao invés de vivermos como Jesus viveu, damos um jeito de provar que Jesus viveu ou viveria como nós vivemos. E aí repousa o triste X da questão! O Cristo retocado por crentes, por ateus ou militantes políticos! Enfim, um Jesus que agiu e agiria como nós... Não confere, mas repercute!...



PREGUIÇA ESPIRITUAL

Negar-se a anunciar Jesus é grave, mas anunciá-lo apressada e superficialmente também é. Sair por aí anunciando que Jesus nos soprou aos ouvidos e, por meio de nós manda mais um recado ao mundo é como aceitar operar um paciente do coração sem ter estudado medicina.

Dar a Deus o coração e negar-se a lhe dar o cérebro é tão grave quanto acelerar o carro e, ao mesmo tempo, pisar no freio. O motor funde ou a fé rodopia. Por isso, cristãos que sabem ler, mas por não gostarem de livros, não fazem o menor esforço por aprender mais do que já sabem, e assim mesmo sobem aos púlpitos e banquinhos de igrejas e salões, garantindo que Deus quer isto mais isto mais aquilo, estão blefando. Eles não sabem tanto quando dizem saber e não são tão inspirados quanto dizem ser.

Um autor, Richard Dawkins, ateu militante e combativo escreveu Deus, um Delírio; A Grande História da Evolução; O Maior Espetáculo da Terra: as evidências da Evolução; O relojoeiro cego, a Evolução Contra o desígnio Divino, fez o mesmo que outro autor que na mesma estante anunciava: Deus quer que você Enriqueça. Paul Zane Pilzer. Centenas de livros provam que Deus existe e centenas de outros negam sua existência. Há os que negam que Deus possa ter dito ou feito o que quer que seja e os que garantem que Deus disse o que Deus nunca diria.

Esforçados ateus ou agnósticos recheiam hoje nossas estantes tentando provar que Deus é um delírio da humanidade. Esforçados crentes tentam provar que Deus é uma realidade. Outros garantem que Deus falou com eles e lhes deu mais um recado. E não faltam livros a dizer que todos os dias a mãe de Jesus dá um recado a determinado vidente. Há quem creia e há quem duvide.

Os livros a favor e contra a religião provocam quem os lê a tomar posição a partir de uma longa e comparada reflexão. É melhor ter um mapa com inúmeras estradas do que arriscar a viagem apenas no palpite ou na certeza de quem nos disse que foi revelado sem mapa e sem livro!

Certeza de que Deus não existe é quase igual á certeza de que ele existe. Quando não há a menor dúvida é porque não houve suficiente reflexão. Vale o que disseram os discípulos:- “Cremos, mas aumenta nossa fé!” (Lc 17,5) Tinham concluído que Jesus estava acima do seu raciocínio. Mas, ao menos, raciocinaram! Crer sem raciocinar é mergulhar de ponta cabeça sem medir a profundidade das águas...



VICIADOS EM CÂMERAS E MICROFONES

Conto uma história omitindo lugares e nomes, mas verídica, que poderia também acontecer entre nós. Fala do poder da mídia na vida e na mente do pregador, mais do que do poder do pregador na mídia onde atua.

Nos anos 70, no Middle-East americano, um pregador católico, sacerdote jovem de vastos recursos notabilizou-se por seus programas de rádio que chegavam a milhões de lares. Num conflito entre ele que tinha dons e talentos e sua ordem que se opunha à sua presença no rádio além das fronteiras da diocese, vencera ele. Deixou a ordem e instalou-se numa diocese que o aceitou.

Naqueles dias, como hoje, seu argumento parecia imbatível. O Vaticano II recém terminara e estava lá, claro como a luz do sol, o postulado de ir à mídia. O “Inter Mirifica” ainda repercutia nos seminários e paróquias. Lugar de padre era evangelizando a multidão e não confinado a espaços fechados. A oferta feita a ele era irresistível. Atingiria cerca de 40 milhões de pessoas com sua versatilidade no rádio, que nos Estados Unidos tinham grande alcance, muito mais do que a televisão, ainda incipiente. Ele realmente encantava e ensinava. Errado estaria se não aceitasse! Errados estariam os superiores que lhe negassem esse direito!

Então por que seus superiores, que também tinham doutorados teriam proibido o brilhante padre de falar a milhões de pessoas? Eles nunca deram entrevistas. Perderam o colega e calaram-se. Agora, o assunto era com o bispo que o acolhera. Por três anos o programa ia de vento em popa, cada vez mais encantador. Um dia, sem mais nem menos, o padre decidiu romper o contrato e ir embora. Não queria mais atuar no programa. Não houve jeito de segurá-lo, como na ordem não tinha havido jeito de mantê-lo. Concluído o contrato, ele não assinou por nem um dia a mais. Marcaram o último programa, no ar.

Com tristeza ele se despediu, ao vivo. Mas ali estava a verdade sobre o ambicioso pregador. Na emissora que o acolhera e lhe dera a grande chance, outra vez sem anuência dos donos da emissora, numa evidente quebra de ética, ele chamou os ouvintes para se tornarem agora, ouvintes e espectadores da rede concorrente. Em poucos dias ele começaria um programa por rádio e televisão em cadeia regional. Recebera oferta melhor. Teria muito mais audiência... O bispo que não sabia de suas manobras, desautorizou-o. Ele já procurara outra diocese mais perto do lugar da sua nova presença e o bispo de lá não o aceitara como sacerdote. Não lhe daria ministérios, até que falasse com o bispo anterior. Ele nada dissera, nada assinara.

Mudou-se, começou o programa e, seis meses depois, estava fora do rádio e da televisão. Motivo, não atuando mais como sacerdote, sua presença não interessava mais à mídia contratante. O contrato fora por período de seis meses. Ficou sem público e sem espaço. Quis voltar à diocese e não foi aceito. Quis voltar ao mosteiro e não foi aceito. Motivo: era de fazer o que queria. Personalista demais, o que não lhe servia, ele não fazia. Achou uma diocese que exigiu, por escrito, que ele, por cinco anos não atuaria nem no rádio, nem na televisão. Aceitou ir a um psicólogo. Este disse que se tratava de uma dependência tão forte quanto a de tóxicos. Sua auto-exposição era uma forma de enfermidade. Se ele demonstrasse capacidade de controlar este impulso de evidência talvez pudesse voltar a atuar. Agora o microfone era mais forte do que ele.

Voltou, aprendeu e nunca mais insistiu. Dava aulas num grande colégio e numa faculdade, mostrou-se exímio professor de sociologia e filosofia. Refez a amizade com os monges e com a diocese anterior, pediu desculpas por ter teimado em fazer tudo sozinho e morreu recentemente, sereno e admirado pelos fiéis. Aos amigos ele dizia em tom de brincadeira, que nunca bebera, nunca fumara, mas tinha tido o vício da microfonite aguda. Fizera qualquer coisa para ter um microfone nas mãos, uma câmera à frente e holofotes em cima.

Hoje quando os especialistas falam em web-dependência, ou seja do vício da Internet é mais fácil compreender o vício da auto-exposição na mídia. Poucos admitem que foram afetados por ele. É uma das ansiedades do nosso tempo que também atingem os pregadores da fé. Quem for chamado, pondere sua resposta. É mais fácil ser dominado pela mídia do que dominá-la. Se tiver que ser infiel para atingir seus objetivos repense aquela oferta!



O PÚLPITO AMIGO

Eram colegas de seminário. Amigos de um dizer ao outro o que achava correto. Foi assim por mais de quinze anos. Tornaram-se sacerdotes com diferença de dez meses. Nunca trabalharam na mesma cidade. Viam-se de vez em quando.

Um dia, começaram a chegar ao ouvidos do padre X alguns fatos negativos sobre o Padre Y. Procurou-o para saber qual a verdade. Padre Y negou peremptoriamente. Era inocente daquelas acusações. Padre X apostou nele.

Um dia, viu e ouviu pessoalmente. Era verdade. Padre Y destratava o povo, vivia uma vida de luxo, mancomunara-se aos ricos, falava, pensava e buscava dinheiro de maneira ostensiva. Outra vez procurou o amigo e disse o que pensava. A resposta foi fria e dura:- “Cuide de você mesmo que também tem seus pecados. Também sei dos seus podres. Quando eu precisar de conselhos, pedirei”.

Triste com a reação do colega, Padre X ainda assim tentou quatro a cinco vezes chamá-lo ao bom senso. Não deu certo. Dois anos depois o colega acabou deixando o ministério, uniu-se a uma divorciada e foi viver numa outra cidade, bem de vida e mal de paz.

Um dia encontraram-se num restaurante. Padre X cumprimentou-o. O ex colega e ex padre Y acenou a contragosto. Nenhuma palavra. A amizade azedara de vez. O bispo soube do acontecido. Perguntou ao seu sacerdote se ele se sentiria melhor omitindo-se.

Não! Não sentiria! Amigos devem falar. Só é bom amigo quem arrisca a perder uma amizade, mas vai lá e fala. Hoje, formador de sacerdotes ele mantém a mesma postura. Se tiver que falar, fala. Se o aluno se incomodar, ao menos ouviu o que deveria ter ouvido.


Pe. ZEZINHO scj

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3 comentários:

  1. Primeiramente ao adentrar nesta página reconheço seu valor e a importância de seu autor para a nobre causa do Senhor Jesus Cristo.
    Dito isso, quero convidar você que está lendo estas minhas palavras, a prestar um pouco mais de atenção as revelações do Espírito Santo Verdadeiro em nossos dias.
    Por se tratar de um assunto de interesse universal, pediria sua amável atenção, em uma breve, mais com certeza, produtiva visita ao nosso blog, onde estão depositadas Revelações do Senhor Jesus Cristo, para as quais peço encarecidamente que nos ajude a divulgar. Pois estamos vivenciando um memento muito sensível da palavra profética. Desde já suplico as bênçãos do Pai, do Filho e do Espírito Santo Verdadeiro sobre todo aquele que atender esse nosso chamado em nome do Senhor Jesus Cristo. Clique em martins111 - João Joaquim Martins.

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  2. É triste,até por demais...mas,a realidade é esta mesmo.Aqui na minha comunidade ninguém se interessa em ler,saber sobre os documentos da Igreja,o Catecismo da Igreja Católica é simplesmente desconhecido e ignorado totalmente pelas pessoas...Deveria ao menos ter um exemplar em cada comunidade,mas até na nossa Paróquia ele é ignorado...
    Agora entendo;''Quem aceitar a Paz de Deus não terá sossego não,vai passar a vida inteira,trabalhando,(se ralando )pelo seus irmãos...''
    Mas minha parte farei!!!''...não vou deixar a minha igreja,não Senhor.''

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  3. Olá novamento pe. zezino, sua benção.

    acho que por um costume desde a nossa infancia, infelizmente
    nossos pais nao nos acostumam a ler a biblia, o catecismo.
    hj eu leio, mas, fui mais motivada pela fé.
    agradeço aos meus pais por antes de dormir, qdo era criança me ensinar a rezar antes de dormir. e pedir perdão.

    Peço a Deus que ilumine os jovens à qrer conhecer mais sobre o catecismo e a doutrina.
    nao como uma forma de procurar defeitos, mas
    crescer na fé e humildade.
    paz e bem. abraços padre! :D

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