domingo, 5 de setembro de 2010
Artigos - 02 de Setembro
DEPUTADOS E VEREADORES
Vereador é alguém que encaminha propostas e as vota. Deputado é alguém que julgamos digno de nossa confiança. Falará por nós na assembleia do Estado e na do País. Senador é supostamente alguém mais experiente que definirá melhor as leis dos outros legisladores.
O país funciona em estâncias, para que nenhuma lei seja apressada e não venha de um só homem, nem de um só partido. Aí, seria ditadura. Para o país funcionar como nação de todos e para todos, as leis precisam ser justas e contemplar o desejo da maioria.
Jogo sujo e eleição na calada da noite, compra de votos, promessa de recompensa são atitudes antiéticas. Peca o governo que compra votos peca o deputado ou senador que os vende; peca o cidadão que troca sua liberdade por dinheiro ou favores. É uma forma de prostituição. Não vendem o sexo, mas vendem a cabeça, o que não deixa de ser uma forma de se dar do jeito errado.
Se os políticos andam em baixa há que se ver os motivos. E nem é porque um deles está em alta que, por conseguinte, ele será mais ético. Há ditadores que mataram centenas de opositores, mas conseguiram ser populares. Quem o apoia pôs na balança o sangue que ele derramou e os grilhões que pôs nos pés dos adversários. Popularidade não pode ser o maior critério. A ética, sim! Foi e é honesto? Pune os desonestos? Usa de jogo sujo para se perpetuar no poder? Esmaga a oposição? Os que o apoiam são mocinhos e quem discorda e mostra os desvios do seu governo são bandidos? Ele domina a mídia? Só se fala e se escreve o que ele quer? Seus companheiros tomaram todas as estâncias do poder?
Formule-se estas perguntas ao escolher vereadores, deputados e senadores. Não escolha fracalhões, corruptos e medrosos. Uma democracia boa é feita de bom governo e boas oposições. Governo que massacra e oposição que só se opõe não agem de forma democrática.
Vem aí as eleições! Escolha bem! Mas não deixe que na sua cidade ou no país grupo algum se perpetue no poder. Não mude por mudar e não vote por votar. Se achar que o país deve mudar escolha um opositor. Se acha que, como está, nossa democracia vai bem, então reeleja. Mas não caia na armadilha do partido e do governante único. Não se sabe de nenhum partido deles que tenha respeitado o povo. Ninguém é tão bom que não possa ser substituído! Pense na sua cidade, no seu Estado e no seu país, aperte aquela tecla e dê o seu recado! O eleito, que se comporte!
A CRISE DE LINGUAGEM
O Dicionário de Homilética da Palus e Loyola, organizado por Soddi e Triaca, em cerca de 1.800 páginas aborda a pregação cristã através dos tempos. É trabalho que não pode faltar em nenhuma estante. No verbete “Linguagem na Igreja” o autor Ettore Simoni aborda a crise de pregação nas igrejas.
Não há pregador pensante que não tenha se demorado sobre o fenômeno. Se há os que puramente repetem o que ouviram sem maiores reflexões, há os que pensam no que pregam, porque pregam e como pregam e nos que ouvem porque ouvem e como ouvem. Aí entram as línguas e as linguagens. Antropologia, psicologia, sociologia, linguística e neurolinguística são, hoje, preocupação de todos os que estudam a pregação religiosa nos templos, nas ruas e na mídia.
Excelentes estudos sobre linguística e teoria da Comunicação que hoje fazem parte das ciências da comunicação podem ajudar a compreender a Palavra a transmiti-la. A primeira anotação que o estudante de homilética deve jogar no seu computador é esta: pregar a Palavra é coisa séria. Demanda conhecimentos e não apenas sentimentos e deslumbramentos. Todo ato comunicativo supõe um antes e um depois. Se é para ser comunicativo tem que ter um porquê e um para quê. E deve ser parte de um processo.
Ninguém presidirá corretamente um ato litúrgico se não tiver o mínimo conhecimento a situação sociolinguística em que se encontra a comunidade. Não se prega a postes, mas a pessoas que têm uma vida pregressa e sonham com uma vida futura.
Autores profundos falam da cultura clerical e sacral que encontra a cultura leiga e não há como não estabelecer uma dialética entre as duas culturas, já que terão que conviver. O fiel que vai à missa ao ir para lá e ao sair de lá dá de cara com as linguagens do mundo. Achar este diálogo e, se oposição houver, uma oposição serena e culta é a função da homilética.
Quando se fala em crise de linguagem religiosa não se descarta a crise de linguagem laica. A palavra está em crise porque para milhões de pessoas perdeu o seu significado. Não traduz conceitos. E pessoas sem conceitos ou recebem mal ou comunicam mal o sentido das palavras. A crise está no pensamento. Quando Jean Baurdillard nos últimos anos do século XX fala da era fractal e G.K. Chesterton nos inícios do mesmo século falava do suicídio do pensamento, ambos abordavam a crise da linguagem. Os pregadores e políticos, enfim, os comunicadores não andam dizendo o que querem dizer. E a crise vem do parco conhecimento da língua e das linguagens. Grande número de pregadores se expressa mal na sua língua mãe por desconhecer o sentido das palavras e erram no uso das linguagens por desconhecer as simbologias. Isso vem da pouca leitura e da cultura apequenada. Patrimônio, repertório, gramática, códigos linguísticos, gírias entram na composição de uma boa pregação.
A super simplificação da língua e das linguagens ou a academização e a sofisticação causaram grandes danos à homilética. Nem um nem outro jeito de pregar oferecem conteúdo compreensível da fé.
Por isso o ministério da Palavra deveria ser dado apenas depois de verificado se o pregador é capaz de se expressar de maneira acessível à maioria dos ouvintes. As faculdades de teologia deveriam dar tanta importância à comunicação da teologia quanto ao aprendizado da mesma.
Há mais a ser dito, mas o estudante de homilética deve tomar a peito o propósito de ter na sua estante e conhecer seus dicionários de homilética, tanto quanto deve conhecer a Bíblia e outros tomos de teologia. Se o fará é questão de projeto de vida. Vai enfrentar, por décadas, multidões de olhos e ouvidos que esperam aprender com o que ele diz e faz naquele templo ou naqueles veículos midiáticos. Se tiver aprendido a pregar com serenidade, força e conteúdo sólido fará maior bem à igreja do que com suas pregações emotivas e repetitivas que não trazem novidade porque não levam conhecimento.
O assunto é vital! É como se estivéssemos construindo enormes prédios com pedreiros despreparados e com material de segunda ou de quinta categoria! Questionemos e provoquemos! Estamos chegando ao povo com nossa linguagem? Ou a linguagem do mundo nos deixou para trás? Ligue seu rádio e sua televisão, olhe os trajes de alguns pregadores, preste atenção nos seus enfoques e conclua.
O DEDO NA URNA
No dia das eleições você irá por detrás de um biombo, munido de seu dedo indicador e de uma autoridade que parece pequena, mas que, unida à de outros milhões brasileiros, vai determinar quem nos governará pelos próximos quatro anos. Seu dedo, sua cabeça e sua honestidade decidirão os rumos deste país, já que o governante eleito não poderá ir contra o desejo da maioria. Se o fizer, será maldito, silenciosamente odiado, execrado e tratado como ditador. Se for democrata será elogiado, bendito e admirado, mesmo que alguns não aceitem seu governo.
Se a maioria aceitar e, se o pleito decorreu com lisura, aquela pessoa será o nosso servidor número um. Homem ou mulher, casado, solteiro ou divorciado, santa a pessoa eleita não será, por isso mesmo incapaz de milagres, mas governará bem melhor do que muitos milagreiros de plantão, porque ouvirá a voz do povo e das urnas. Fará o milagre da paz social. Caberá ao eleito e aos que com ele forem escolhidos como vereadores, deputados, senadores e governadores cuidar desta paz e arriscar suas vidas por esta causa. Os eleitos para a oposição terão que exercer vigilância sobre os atos dos eleitos e os não eleitos, nem por isso estarão dispensados de dar sua contribuição para que nossa democracia se consolide.
Não é, pois tarefa pequena, a sua missão de apertar aquela tecla. Se escolher um corrupto, um mensaleiro, mais um da máfia das ambulâncias, um violento, um pró-ditaduras, um leão faminto que, depois de agarrar o cargo nunca mais o larga, um protetor da família que dará um jeito de colocar no gabinete todos do seu clã; ou se escolher alguém ligado ao tráfico de drogas ou de pessoas, seu dedo ficará ainda mais sujo e sua mente uma cloaca.
Escolher com retidão, pensando no país e dar aquelas cadeiras a pessoas honestas que, por sua atuação na sociedade, mostraram abnegação, alteridade, ponderação e serenidade é escolher um país um pouco mais fraterno. Votar em qualquer um é ser cúmplice dos seus desmandos.
Seu dedo naquela tecla, junto a milhões de outros dedos, tirará do governo algum corrupto ou incompetente e porá outro no seu lugar. O poder não é do candidato: é nosso. Eleito, ainda assim o poder não será dele. Continuará nosso. Terá, pois que exercê-lo, respeitando a vontade dos eleitores. Então, escolha, confirme e depois vigie o desempenho do seu candidato. E se ele votar a favor da morte de quem quer que seja, nas próximas eleições tire-o de lá. Você tem este poder; você, somado a milhões de brasileiros. Aquela urna é sua arma, a tecla o seu gatilho! Aperte-a com lucidez!
O VOTO MINI-MINI-MÓ
Brincadeiras de criança, do tipo “mini-mini-mó”, “mal-me-quer-bem-me-quer”, “minha-mãe-mandou-bater-nessa-daqui” são o que são: brincadeiras infantis que tornam a tarefa de escolher ou de se relacionar, algo meio mágico. Despertam interesse e ensinam a criança que não se pode ter tudo o que se quer. Há que haver escolhas.
Quando, porém, o indivíduo cresce e, na hora de casar, de escolher uma vocação, uma profissão, fazer amigos ou escolher seus políticos para renovar o poder ele continua no “mini-mini-mó” ou parte para o “meu chefe, meu padre, meu pastor, meu partido mandou votar neste daqui” “meu mentor mandou casar com esta aqui” estamos no processo de infantilização da pessoa.
Indicar a pessoa com quem a filha deve casar, indicar o candidato em quem o eleitor deve votar é algo bem diferente do que apresentar uma pessoa e deixar que o outro escolha. Não é porque alguém é filiado a PSDB ou PT, ou porque é católico ou evangélico que terá que votar no candidato proposto pelas lideranças. Se discordar, escolha outro. Candidatos não podem ser impostos, pela mesma razão pela qual esposo ou esposa não podem ser impostos. Foi-se o tempo da união matrimonial das grandes fortunas em que a moça casava com o moço bom partido, indicados, os dois, pelo reino, pelos terratenientes ou pela religião. Para o bem e, às vezes, para o mal, as pessoas hoje são livres para casar, para escolher sua religião e para votar.
Quando, pois, o cidadão vai à urna e brinca de “meu guru mandou votar neste daqui” escolhendo um cidadão que ele nunca viu, de quem nunca ouviu falar antes da campanha, que nunca foi ao seu bairro ou à sua cidade, e que concorreu porque foi indicado por alguém famoso ou poderoso, ou ainda, porque sua igreja mandou votar nele para ter acesso ao poder, se vota de cabresto, está se infantilizando.
Uma coisa é votar porque entende, conhece o suficiente e sabe e outra, porque mandaram. Uma coisa é “ter que votar” em alguém e outra “escolher com liberdade”. O voto, pela Constituição, é livre. Também é livre pela Igreja. Ela só aconselha que se vote com determinados critérios, porque não é possível “pendurar a religião no cabide na hora de entrar na cabine!” Vota-se como cidadão e como crente em Deus. Todo mundo faz isso. Além da fé, porém, há outro critério que decorre da própria fé: o candidato tem que ser honesto, não violento, não corrupto, não fanático, democrático, com uma história de altruísmo e de luta em favor de todos e não só de seu grupo religioso.
Voto mini-mini-mó é voto infantilizado!
Pe. Zezinho, scj
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Olá! padre Zezinho
ResponderExcluirGostei demais deste artigo Voto mini-mini-mó é voto infantilizado muito ruim ver o quanto temos inutilizado nosso voto, é dever de todo cidadão de bem tentar mudar esta realidade começando em sua comunidade semeando um novo conceito sobre as eleições. Tenho postado em meu blog artigos também sobre as eleições www.enio.rodrigues.zip.net
A verdade nua e crua,mas o que me deixa perplexa é a maioria das pessoas já estão tão acostumadas com esta bagunça em que virou o nosso governo,que vão votar,isto quando vão,fazem por obrigação...
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