sábado, 15 de maio de 2010

Artigos - 03 de Maio

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JESUS E SUA MÃE

Objeto de controvérsias em outras religiões e mesmo dentro do cristianismo é o papel de Maria na vida de Jesus e de Jesus na vida de sua mãe. Os marianos demais e os marianos de menos facilmente entram em conflito com a Maria pequena dos evangelhos. Ou apequenam-na demais ou a engrandecem mais do que ela própria teria desejado. Não são muitos os textos que a ela se referem. A reflexão dos cristãos sobre Maria nasce de algumas deduções, a partir da cultura e do papel da mulher em Israel e, mais tarde, da cultura e do papel da mulher mãe entre os primeiros cristãos.

Maria influenciou ou não influenciou Jesus: Foi Téo-dokos ou foi Téo-tokos. Foi apenas tutora que o educou (dokein) ou foi a mãe (tokos) que o gerou? Por causa desse d e desse t, que trazia no seu bojo muito mais do que uma distinção sutil, comunidades inteiras se degladiaram. Maria foi mãe de um corpo humano no qual morava Deus ou foi mãe de Deus que entre nós morou? E como pode uma mãe humana ser mãe de Deus? Não é ir longe demais? Cuidou de Jesus que crescia entre nós ou gerou Deus filho aqui encarnado no seu ventre?

O tema nunca será resolvido nem aceito. E não haverá consenso. Ou nasce e se perpetua na fé ou morre já na primeira afirmação. Se é absolutamente impossível Deus entrar num ventre de mulher humana, então não foi possível. Se para Deus tudo é possível, então foi possível. A única coisa que Deus não pode é odiar, deixar de ser Deus e deixar de amar. Se pode amansar o mar, se pode fazer sair água da rocha e transformar água em vinho, se pode devolver a vida, então pode se tornar humano sem deixar de ser divino e pode, sim, entrar num ventre de mulher.

Maria foi a primeira a não entender. Perguntou. Não ficando claro, guiou-se pela fé e guardava aqueles mistérios no seu coração. (Lc 2,19) Não saiu dando testemunho da graça recebida porque não era tola nem fanatizada. Sabia que, a começar de José, ninguém aceitaria tal explicação. Usou da inteligência. Calou-se. Deus quis, Deus daria um jeito de explicar o que não se explica. Previu louvores e dores. Sabia como são as pessoas. Era mais pensadora do que imaginamos que foi!

Viu o filho crescer, agiu como qualquer mãe judia, interferiu quando pode e nunca se afastou do mistério que se aninhou em seu ventre, depois, na sua casa e na sua vida e, finalmente, nas ruas de Israel. Estava lá na assunção, no conceber, no crescer e no morrer. E estava também na ressurreição e na ascensão. Assim cremos.

Por isso, falar de Jesus ignorando e diminuindo sua mãe é erro colossal para qualquer cristão que às vezes quase deifica seus pregadores. Mas falar de Maria, quase que deificando-a e igualando-a ao Filho, também é erro colossal. Ela não foi e nunca será deusa ou semideusa. Foi humana tocada pela graça. Mas não pode tudo. Tem que pedir. Não tem o trono nem o cetro. No reino de Deus ela é rainha-mãe por causa do filho mas o poder é do filho. Ele é que o rei. Ele não é o filho da rainha, mas ela é a mãe do rei. Charles na Inglaterra é o filho da rainha, porque sua mãe tem o poder. Jesus, rei do Reino dos Céus não é o filho da rainha porque ela não governa. Mas ela é mãe do rei... Usemos bem desses simbolismos!

Super-exaltar Maria é errado, diminuí-la também. Não é igual a Jesus, mas depois dele ninguém esteve tão dentro do mistério da presença de Deus neste mundo. Por isso dizemos que o filho tem o poder e ela tem o pedir.

Outras igrejas terão que acertar suas contas com Maria. Também nós, católicos. Achar o lugar de nossa devoção por Maria dentro da catequese católica é urgente e fundamental. Por isso, só por questão de coerência, na próxima vez que você entrar num templo, vá primeiro ao sacrário e depois procure a imagem de Maria. Não fale com a imagem, porque imagens não ouvem. Jesus está no sacrário, mas Maria não está naquela imagem. A imagem é símbolo, a eucaristia é real.

Diante daquela lembrança dela feche os olhos e então, peça ajuda. De Jesus Maria entende. De orar ela entende. Para nós católicos, ela está viva e no céu ao lado do Filho. Se Jesus, que é tão poderoso, ainda não levou sua mãe para o céu, então vai levar quem? Ela sabe orar por nós e conosco. Invoque não sua presença, mas sua prece. Lá onde ela está, certamente intercederá por você. Se nós que somos tão pecadores intercedemos a Jesus uns pelos outros até pelo rádio e pela televisão, por que Maria não conseguiria?

Perto de Maria, perto de Jesus! Perto de Jesus, perto de Maria! Onde ele estiver seus santos estarão. Maria, que foi a primeira cristã, lá estará na linha de frente. É nosso jeito de pensar em Jesus. Depois dele vem Maria e, logo a seguir, os seus santos. Só depois, os candidatos a santo que nos falam do altar, do microfone e diante das câmeras... O poder deles é pequeno e sua prece é bem menor, ainda que andem curando de AIDS ou de câncer com seu toque, ainda que o povo queira até o seu suor, ainda que anunciem ressurreições e falem a milhões de pessoas todos os dias. Maria é mais! Os salvos no céu são mais! Santo por santo, aceite os daqui, mas prefira os do céu. Não é por nada não, mas são muito mais confiáveis.



O HOMEM JESUS

Se houve no mundo um homem que sabia tudo sobre Deus, este homem foi Jesus. Se algum homem chegou à intimidade absoluta com Deus, este homem foi Jesus. Foi ele mesmo quem o disse. E era plenamente homem.

Se um homem é capaz de tamanha intimidade, ele não é um sujeito qualquer. É especial. Especialíssimo. Foi ele quem o disse.

Se Deus é este ser que pensamos que é, o homem que afirma ter intimidade absoluta com ele corre o risco de ser o doido mais varrido, o maior dos mentirosos, o maior dos megalomaníacos.

Mas, se for verdade, então ele é o mais especial, o mais homem entre os homens. E Jesus disse que sabia quem era e quem o havia mandado, ninguém menos que Deus, a quem ele chamava de Papai (Abbá, em aramaico).

Homem algum será capaz de conhecer Deus. Mas, Jesus disse que o conhecia. E somente ele. Ninguém antes, nem depois dele foi capaz disso. Se Deus existe, se criou o mundo e se criou o homem, somos todos filhos de Deus. Mas Jesus garante que é o Filho único.

Há uma coisa nesse homem Jesus que homem nenhum relativamente inteligente é capaz de decifrar: fala como alguém igual, absolutamente identificado com Deus.

Ou sua mentira é mentira demais para nós, ou sua verdade é verdadeira demais. O fato é que nenhum homem jamais falou como Jesus falava.

Os homens que escreveram a seu respeito não teriam capacidade de criar um personagem assim tão forte, capaz de desafiar a mente de tantos pensadores e cientistas durante 20 séculos. Se Jesus foi invenção, então os quatro evangelistas que como insistem alguns teriam construído o personagem Jesus seriam mais espertos que ele.

Para crer em Jesus, precisamos acreditar nos seus biógrafos: Mateus, Marcos, Lucas e João. O que deu neles? O que foi que viram e ouviram, para falar dele como falaram, e morrer por ele do jeito que morreram?

E os apóstolos? Que experiências tiveram para dar a vida por ele. Morreram por um personagem de novela ou por uma pessoa real? Como foi? O que é que viram em Jesus para viver por ele e morrer do jeito que morreram? Era Jesus, filho de Maria, filho de José, filho especialíssimo de Deus ou era uma invenção da cabeça deles? Jesus os fanatizou? Mas como, se Jesus nunca impôs nada em nenhuma cabeça? Não foi ele que os deixou livres para irem embora ,se quisessem?

Nunca usou de armas nem de violência. Falou claro que quem o seguisse teria felicidade, mas teria muito sofrimento. Nunca fez marketing mentiroso do caminho que propunha. Não era desesperado para fazer discípulos.

Que palavra forte tinha esse Jesus que ultrapassa e sobrevive aos homens, às ideologias, às seitas, e até mesmo aos erros colossais dos que transmitiram sua mensagem através dos séculos? Que foi que ele disse para ter se tornado a personalidade mais carregada de humanidade que se conhece?

A soma de todos os grandes homens, com as suas mensagens, não chega nem perto do mistério que é Jesus. Nenhum dos doze que o conheceram e viveram com ele tinha a mesma idéia sobre ele. Cada qual o viu de seu ângulo e da sua experiência. Mas, da sua pregação emerge um homem totalmente identificado com Deus, totalmente filho - Filho especialíssimo de Deus. E se era tão filho, por que não Deus?

Era difícil crer. E ainda é difícil. O mistério de Jesus leva ao mistério de Deus e desafia tudo aquilo que se conhece de ciência e de religião. Porque esse homem Jesus é, antes de tudo, filho. Sem essa palavra é impossível continuar crendo nele.

O criador do homem tem um filho, que é Jesus. E é através desse filho especial que o Criador nos adota também como filhos seus, como disse o apóstolo Paulo.

Será nossa fé suficientemente forte para nos fazer sentir que, através de Jesus, somos filhos e herdeiros do Pai maior (Abbá), que nos ama e nos ampara nesta vida e na eternidade? Ou nossa casa é hermética demais para que nela entre ao menos uma réstia da luz do sol?

Pe. Zezinho, scj

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