quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Artigos - 15 de Outubro

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A EUCARISTIA - BANQUETE PARA MISSIONÁRIOS


Se nunca lhe disseram isso deste jeito, permita-me ser o primeiro. Toda missa é um momento missionário Por isso a eucaristia chama-se também missa. Vem da palavra latina mittere, enviar. Daí vêm as palavras missão e missa. Missa quer, pois, dizer, o ato de enviar. Quando você celebra a partilha da palavra e do pão recebe e oferece um “eu-xaris” a Deus. O ato de oferecer este “eu-xaris” é a eucaristia. Eu-xaris é junção de duas palavras gregas que se pode traduzir como o maior de todos os dons: Eu: bom, xaris, graça, charme, dom, presente.

Quem vai à igreja celebrar a partilha do pão do céu e da palavra do céu, recebe e oferece o maior dom que se possa imaginar: Deus entre nós, Jesus Cristo. O Filho, comunhão pessoal e física com Deus, comunhão de fé com os irmãos. Terminada a celebração, o padre, em nome da Igreja, repete a ordem de Jesus: Ide pelo mundo, evangelizai. É como se a Igreja dissesse a quem comungou. Este banquete é para quem tem coração missionário. Vocês acabaram de receber Jesus. Agora, eis a missão de vocês. Levem a boa notícia do que houve neste altar a quem ainda não a conhece. Deus alimenta seu povo. Existe um novo maná acontecendo todos os dias para quem crê em Jesus. Ninguém precisa morrer de fome espiritual.

Portanto toda missa é banquete missionário. Você não sai de lá sem uma tarefa: anunciar aos outros o que Deus faz na nossa Igreja. Contar ao povo as maravilhas daquela mesa da palavra e do pão. Se não fazemos isso, é outra coisa, mas é isso o que a missa é. Um banquete missionário que dá o que falar!



CARISMÁTICO E LIBERTADOR


Não sei se sou libertador, nem se sou carismático. Tento ser querigmático, porque a catequese me é fundamental. Há carismáticos nada querigmáticos. Sentir a fé é uma coisa, levá-la é outra. Mas gostaria de ser os dois, por que tenho uma libertação a buscar e um carisma a exercitar.

Sei que em algumas situações deverei exercitar o meu papel de libertador, em outras, deverei deixar fluir alguns dos muitos carismas que Deus me deu. Mas preciso aprender a disciplinar, tanto as minhas inspirações e rompantes carismáticos como minhas inspirações e rompantes de libertação.

Eu não tenho tudo que meu povo necessita para ser libertado, portanto, minha palavra não pode vir apenas de mim e do que estou sentindo naquela hora. O sentimento não poucas vezes nos engana. Também a razão.

Também não tenho tudo que meu povo necessita para a união mais profunda com Deus, por isso mesmo preciso da palavra da Igreja para lhes dar mais espiritualidade. Como lembra Antonio Vieira, não me adiantaria pregar palavras de Deus se não pregar A Palavra de Deus.

Não me adianta decorar um discurso de um movimento ou de um grupo de igreja, seja ele, de ênfase espiritualista ou de ênfase política. Discursos não libertam; conteúdo, sim. Falar bonito é fácil. Ser coerente é que é difícil. As pessoas deveriam descobrir por si mesmas, se tenho ou se não tenho uma atitude libertadora e se ela é legítima e fundamentada nos dogmas e ensinamentos da Igreja. Pelos frutos se conhece a árvore. Alguém pode não gostar de figo, mas terá que admitir que está diante de figo legítimo. Alguém pode não gostar de um profeta, mas terá que reconhecer que está diante de alguém que não adapta o discurso para agradar ou para fazer adeptos.

Os que me ouvem terão também que descobrir se tenho unção e espiritualidade, ou se o que digo é apenas discurso. Essas coisas se provam com uma vida e não com palavras. Por isso, pedirei a Deus todos os dias, a graça de ser sempre renovado, sempre carismático e sempre libertador, dentro da ordem da congregação religiosa onde eu escolhi viver o meu chamado.

Quando meus defeitos se acentuarem -e eles se acentuam-, hei de pedir misericórdia e a graça de Deus para saber superá-los, sejam eles causados pela enfermidade, por erros de perspectiva e por atitudes que não somam e não ajudam meu povo a crescer.

Não sei se sou libertador, mas para o ser, preciso estudar com afinco a doutrina social da igreja que me ordenou sacerdote. Não sei se sou carismático, dentro da minha congregação e perante meus irmãos, mas sei que preciso aprofundar muito a espiritualidade católica, se pretendo levá-la ao meu povo. Terei que saber que uma coisa não se opõe à outra. Pode-se ser um libertador carismático e um carismático libertador. Mas isso não é coisa de papel e sim da pessoa. Já vi sacerdotes modernos de batina, como era o caso de Dom Helder. E já vi gente pregadores em manga de camisa, que pareciam modernos, mas não ouviam a comunidade. Eram ditadores. Tenho visto roupas do século 15 em pessoas avançadas e roupas do Século 16 em pessoas que rejeitavam até mesmo o Concílio Vaticano II.

Serei julgado por Deus, mas também pela minha Igreja, pelo que eu disse, fiz e vivi. Farei história se tiver caminhado com toda Igreja e não apenas com um grupo de igreja, se tiver tido o coração aberto para todos e capacidade de falar e dialogar com todos.

Farei apenas um pedacinho da história, se tiver me deixado prender apenas por um grupo, falado apenas a linguagem desse grupo. Terei marcado passo se não tiver conseguido falar a linguagem da Igreja Católica Apostólica Romana para o nosso povo e para o nosso tempo. Deus me ajude a ser diastólico. Meu coração não pode vier de sístole. Não me fecharei. A idéia de ser católico é bem essa: “para todos”. Católico fechado é contradição!


Pe. Zezinho, scj


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