.
Passo pelas ruas do meu bairro, caminho por estreitas ruas de favelas. Passeio por algumas ruas do centro, e vejo pessoas orando silenciosas e calmas dentro de seus templos. Acho bonito! Além de ser um gesto de fé, é ato de cidadania.
Passo pelos mesmos lugares e, ouço, ás vezes, alto-falantes ligados ao máximo e pessoas a gritar em nome de Jesus. Aí já não é cidadania. Estão impondo sua fé aos vizinhos. Não foram para um campo de futebol, onde já se espera gritos e clamores, nem para um lugar isolado: estão ali no meio dos outros, obrigando-os a ouvir suas mensagens. A cidade vai tem que ouvir o nome de Jesus na marra! Digam o que quiserem, mas é falta de respeito aos outros. Aquele alto falante para fora, mais nega do que afirma Jesus.
Quem ora em nome de Jesus, faz bem. Quem grita para a cidade inteira ouvir contra a vontade não age corretamente. Agride o direito de não ouvir. Jesus, que em Marcos 9,38-39 mandou os discípulos respeitarem alguém que não era do seu grupo, certamente pediria a esses pregadores que respeitem os seus vizinhos ou as pessoas que não são da sua Igreja. Uma coisa é gritar para quem veio e outra, gritar para quem passa. Se querem anunciar Jesus, comecem respeitando as outras igrejas e diminuindo o som dos seus templos, para que funcione apenas lá dentro.
Os aparelhos de som amplificado trouxeram enormes possibilidades para a comunicação humana, mas causaram também enormes problemas de cidadania. Para isso, há leis e há estádios. Crente que berra sua mensagem para quem não tem que ouvi-la é como fumante que teima em fumar em lugar fechado. Um obriga os demais a respirar sua fumaça e outro a escutar sua mensagem. As duas podem intoxicar! Não temos o direito de empurrar pelos ouvidos alheios nossa maneira de crer. Mas é o que tem acontecido em muitos paises exceto onde este abuso foi corrigido, porque chegou ás raias do absurdo. Gerou combate nas ruas.
Dirão que Jesus gritou no templo. Isso mesmo: no templo e sem microfones. Sou capaz de apostar que Jesus não sairia hoje de carro de som obrigando o povo a escutar a sua mensagem. Ele nunca forçou ninguém a ouvi-lo. Sou dos que afirmam que - quanto mais as Igrejas gritarem mais darão razão aos ateus.Desrespeitados, reagirão, como nós reagimos quando nos desrespeitam. Quem impõe a sua fé nos outros não é missionário: é mal educado. Jesus nunca propôs esse tipo de comportamento antiético! Deixava que os ouvintes escolhessem. Confira João 6, 67.
Pe. Zezinho, scj
Nenhum comentário:
Postar um comentário